
A Ethopedagogia: A Pedagogia Essencial I
21/05/2012 22:14A Ethopedagogia: A Pedagogia Essencial I
São Paulo, 21 de Maio de 2012 Escrito por Léo Villaverde
1. Família natural: o fundamento científico da Pedagogia Essencial
A ideia fundamental da ethopedagogia (do gr. ethos = valores + paidós = criança + egogé = condução, ou Pedagogia Essencial, é o fato de que os valores essenciais oriundos da consciência moral do homem, praticados e transmitidos na família natural, são imprescindíveis à coesão e perpetuação social. No contexto da ethopedagogia a família natural (homem-mulher-filhos) é a origem e o fundamento da sociedade. A família natural é o ninho biológico humano e a escola primeira da afetividade (em suas quatro expressões: parental, conjugal, fraternal e filial) e dos valores essenciais à convivência humana. A família é o grupo natural primário da interação social dos indivíduos, sendo o primeiro e o grupo de mais forte e duradoura influência na vida dos indivíduos. É na família que se formam os mais poderosos vínculos das relações humanas. A sociologia, a antropologia cultural e a psicologia constataram que em toda a história todas as sociedades criaram e valorizaram a instituição familiar natural (homem-mulher-filhos). De tão universal e histórica a família e deve ser classificada e definida cientificamente como uma instituição natural imprescindível à saúde psíquica individual e social.
A importância e a necessidade imprescindível dos valores familiares (afetividade, pureza, fidelidade, companheirismo, fraternidade, solidariedade, honestidade, entre outros) para os indivíduos, as famílias e para a sociedade foram demonstradas claramente pelo pesquisador norte-americano Dr. Joseph Daniel Unwin, em seu livro Sex and Culture (Oxford University Press, 1934). O Dr. Unwin realizou uma pesquisa de antropologia cultural que durou 7 anos. Em sua o Dr. Unwin analisou em detalhes 80 sociedades e 16 civilizações dentro de um período de mais de quatro mil anos de história, e constatou que todas as sociedades que optaram pela promiscuidade sexual declinaram e desapareceram, enquanto aquelas que optaram pela moralidade sexual sobreviveram e prosperaram. Em outros termos, toda sociedade que desprezou a família natural e os valores familiares, declinou e desapareceu. E as sociedades que valorizaram a família natural e os valores familiares sobreviveram e progrediram. Um exemplo histórico real deste fato está no povo judeu, que tem 4.000 anos de história. Apesar de ter sido invadido, dividido, despojado e dispersado várias vezes pelo mundo em sua longa história, o povo judeu sobreviveu e preservou sua identidade cultural intacta. Por que? Uma das possíveis causas foi devido ao forte vínculo interno da família judaica, que um modelo de família natural fortemente baseada na Educação de valores. Este fato me levou a pensar nos valores que fundamentam as relações familiares (transmitidos e aprendidos no seio da família natural) como os valores que deveriam inspirar e fundamentar as teorias e os métodos pedagógicos. Desse insigth nasceu a Pedagogia Essencial, ou Pedagogia da Família, uma teoria da educação baseada nos 3 (três) desejos essências da natureza humana, a qual se baseia em 5 pilares básicos: a teoria Deusista, a teoria familista, a teoria dos desejos essenciais, a teoria holopedagógica e as leis da pedagogia essencial. Estudaremos estes 5 pilares teóricos ao longo deste texto.
Ainda enfatizando a importância vital da família natural como base de sustentação das sociedades, o sociólogo russo Dr. Pitirim Sorokin, da Universidade Harvard, analisou diversas culturas dos cinco continentes ao longo da história, e concluiu que “Todas as revoluções políticas que levaram ao colapso social foram precedidas de uma revolução sexual na qual a família e o matrimônio foram desprezados e desvalorizados.” Sorokin também observou que nos primeiros anos da Revolução Russa o governo atacou deliberadamente o matrimônio e a família. Podia-se obter divórcio por qualquer motivo e a qualquer momento. O aborto era legal e facilitado e as relações pré-matrimoniais e fora do matrimônio eram favorecidas e vistas como normais. Sorokin escreveu sobre os resultados daquela política oficial:
“Em poucos anos gangs de crianças sem lar e violentas tornaram-se uma séria ameaça para o país. Milhões de vidas, especialmente meninas, foram destruídas. O divórcio e o aborto chegaram ao máximo. O ódio, os conflitos e as psiconeuroses gerados pela desintegração familiar aumentaram rapidamente. A produtividade nas fábricas decaiu. Os resultados foram tão alarmantes que o governo foi obrigado a inverter sua política antifamiliar. A propaganda do “Copo de Água” foi declarada contrária à Revolução, e em seu lugar foi implantada a glorificação oficial da castidade e da santidade do matrimônio. Em outras palavras: os russos descobriram a triste realidade de que o sexo, se considerado como um apenas um apetite a mais, não só arruinava o individuo, mas arruinava rapidamente o próprio país”.
Depois do desastre, o governo de Stálin retirou as gangs de menores das ruas (os dissidentes acusam o governo de Stálin de tê-los fuzilado) e instituiu oDia da Família, rejeitando completamente as hipóteses que Friedrich Engels defendeu em seu livro A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado. Devido às suas idéias anitfamília Stálin expulsou Freud e a Psicanálise nunca foi divulgada na então União Soviética.
2. A origem natural da família
A Pedagogia Esencial, a teoria familista da educação, parte da proposição da origem natural da família. Esta proposição pode ser inferida do fato de que todos os seres naturais: minerais, vegetais, animais e humanos são unidades-duais constituídas de elementos distintos e complementares (positivo-negativo). Do átomo (próton-elétron) ao ser humano (homem-mulher). Assim, enquanto o planeta Terra existir, o homem e a mulher continuarão sob o efeito da afinidade intra-espécies, da atração mútua (o amor), originando descendentes semelhantes e estabelecendo relações de intercâmbio e interdependência entre si (grupo familiar). Assim, enquanto existir vida humana sobre o nosso planeta a família natural (positivo-negativo; homem-mulher-filhos) será uma realidade biológica, histórica e sociológica perpétua. Sob esse prisma, não se pode falar (cientificamente) em novos tipos de família formadas por pares positivo-positivo ou negativo-negativo. Cientificamente falando, tais arranjos não podem ser classificados como pares, casais e muito menos como famílias, uma vez que violam os princípios fundamentais que regem a natureza e conservam a ordem natural.
A dimensão antinatural dos arranjos positivo-positivo e negativo-negativo pode ser melhor evidenciada com base nos estudos da teleologia, ciência que estuda a finalidade específica de cada ser da natureza. Os estudos da teleologia confirmam que todas as coisas da natureza possuem uma finalidade específica. Exemplo: os raios solares são um tipo de fonte energética imprescindível à vida. A água existe para saciar a sede dos seres vivos, e assim por diante. A farmacologia e a fitoterapia (que pesquisam a finalidade de cada substância vegetal ou animal para criar medicamentos específicos para cada órgão do corpo humano), como também os estudos dos nutricionistas
são exemplos inquestionáveis da cientificidade dos estudos teleológicos. Sendo assim, no contexto da teleologia a finalidade do sêmem masculino é fecundar o óvulo no ventre feminino a fim de perpetuar a espécie. Por isso, o uso natural, a direção natural do sêmem masculino é o ventre e o óvulo feminino, e não o ânus insalubre de um outro homem, quando o caso envolve a relação positivo-positivo. Nesse sentido a relação homossexual positivo-positivo não é uma relação sexual, pois não envolve o par de órgãos sexuais (os aparelhos reprodutores) de um casal humano (homem e mulher), que é a relação sexual natural. A relação homossexual masculina envolve o aparelho reprodutor de um homem e o aparelho excretor de um outro homem. E isto, evidentemente, não é natural. Na relação homossexual não há casal, mas dupla; não há família, mas ajuntamento; não há matrimônio, mas contrato, e nem há naturalidade, mas conduta antinatural, desvio de conduta. A conduta sexual natural está teleológica e naturalmente voltada para o prazer (busca da alegria = finalidade da vida humana), a reprodução (estabelecimento da família, o ninho humano, e da linhagem e descendência) e para a perpetuação da espécie (impulso biológico inexorável). As relações positivo-positivo e negativo-negativo, bem como suas variantes buscam violam todos os princípios naturais e, num ato de extrema ignorância e egoísmo, , buscam única e meramente o prazer físico. Exatamente como um animal irracional..
Todavia, observa-se que, mesmo estas duplas têm buscado (talvez, inconscientemente) ajustar-se ao modelo natural positivo-negativo, formando duplas onde um dos elementos comporta-se como o negativo (nos pares positivo-positivo) ou o positivo (nos pares negativo-negativo). Desse modo, tais pares não podem ser classificados como “novos tipos” de família natural, mas sim como distorções do modelo natural único. Como os seres humanos são entidades biopsicoemocionais, partes integrantes do mundo natural, também estão sujeitos às mesmas leis que regem a natureza como um todo. Por isso, tendem a procurar sempre o modelo natural. É como a chamada força da gravidade. Ninguém pode escapar de sua ação no planeta. Os seres da natureza tendem, como se diz em física, a retornar ao estado fundamental (ao estado natural). Aliás, esta é a tendência natural de todo o planeta Terra, como demonstrou a hipótese Gaia, do bioquímico inglês James Lovelock, que se auto-regula, se auto-regenera e se auto-equilibra como um todo. Foi também o que demonstramos em nossos trabalhosBiocosmos. O Universo Vivo. A Contestação do Big Bang (Cultrix, 2000) e O Ser Terra. O Planeta Sensível. Muito Além da Hipótese Gaia. Nos quais demonstramos que todos os sistemas vivos do planeta Terra são obras de arte vivas; partes vivas do corpo vivo do planeta, o qual por sua vez é parte viva de um superorganismo vivo ainda maior: o próprio universo.
3. A família e a sociedade como instituições naturais
Todos os estudiosos têm concordado — por força da antropologia social, da etnologia e da sociologia — que “a família é a célula-mãe das sociedades”. Este parece ser um ponto de consenso entre os estudiosos. Todavia, muito pouco se tem falado acerca da origem natural da família. Por quê? Provavelmente porque a teoria da origem natural da família é um contraponto à teoria da origem social da família, implantada na mentalidade humana pelo materialismo com base no argumento de que a família é uma instituição social, de origem e natureza social.
Neste artigo eu proponho uma abordagem unificada: a família é uma instituição de origem natural e social porque a sociedade é também natural. Afinal, o que é a sociedade humana senão uma extensão da unidade social fundamental: a família? A unidade da física é o átomo (próton-elétron) e a unidade da sociedade é o casal natural (homem-mulher) Dois indivíduos, um positivo e outro negativo, tendem à atração mútua (pela afinidade intra-espécies = força do amor) e formam uma unidade-dual natural: um casal, que se multiplica, tornando-se uma família, a qual se amplia, formando um clã, que se amplia formando uma tribo, que se amplia formando uma sociedade, que se amplia formando uma nação, e as nações juntas constituem o mundo. Na seqüência: família, clã, tribo, sociedade, nação e mundo tudo começa com um casal primário natural. Isto não deve causar surpresa, uma vez que todas as espécies (por mais numerosas que sejam) tiveram origem em um primeiro par positivo-negativo semelhante, o qual, por afinidade intra-espécie, atraíram-se mutuamente, multiplicando-se e originando a espécie como um todo. Estas observações científicas nos conduzem diretamente à idéia da sociedade natural, haja vista que esta resulta da ampliação espontânea de uma unidade-dual natural — a família.
4. A família e o fenômeno da regência central
Um fato conduz ao outro. E temos, então, que postular a realidade de um princípio natural que estabeleça que em toda unidade dual, um par ocupa sempre a posição de sujeito, e outro, a de objeto (sem conotação valorativa). Assim, vemos no átomo o próton (positivo) em posição de unidade regente, e os elétrons (negativo) em posição de unidades regidas; são elementos distintos e complementares. Um átomo não é apenas um próton, mas prótons e elétrons juntos; é uma unidade-dual. Vemos o mesmo nas células (núcleo e citoplasma), nos vegetais (estame e pistilo), nos animais (macho e fêmea), na espécie humana (homem e mulher), no sistema solar, o sol (positivo) em posição de astro regente, e os demais planetas (negativo) em posição de astros regidos. Se isto é naturalmente assim, isto é ciência natural pura. Incontestável, portanto. Logo, onde houver uma unidade-dual na natureza, seja no espaço ou no planeta Terra, um dos pares ocupa a posição de sujeito regente, e o outro, a de objeto regido. Evidentemente esta lei da dualidade complementar, ou lei das unidades-duais, aplica-se também à família como unidade-dual natural.
Histórica e biologicamente o homem sempre ocupou a posição de sujeito regente (repito: sem conotação de valor). Trata-se unicamente da relação natural presente nas unidades-duais em toda a natureza. Até da aparência física do homem e da mulher pode-se inferir esse ordenamento natural. Na natureza, em geral, o macho é sempre maior e mais forte fisicamente do que a fêmea, e nos ataques ao bando são eles (os machos e mais fortes) quem lideram a defesa, protegendo suas fêmeas e suas crias. Embora soterrada sob uma espessa camada de hipóteses materialistas que tentaram negar este fato natural, ainda se pode observar na sociedade humana — e também na família —, o mesmo fato natural. Apesar do movimento feminista muitas mulheres em todo o mundo já perceberam que a força feminina não está no tamanho nem no vigor de seus corpos físicos, mas na delicadeza e na beleza de suas formas; isto é, na força da delicadeza e da beleza. Vejamos um exemplo ilustrativo: a história de Sansão e Dalila. A história bíblica nos conta que Sansão era um homem grande e forte. Derrotou um exército inteiro com uma simples queixada de burro. Um exército filisteu inteiro não conseguiu derrotá-lo, mas a sutil delicadeza e beleza de uma mulher — Dalila — o derrotou, o escravizou e o matou. Poderíamos citar dezenas de outros exemplos históricos e contemporâneos onde a força da delicadeza e a força da beleza venceram a força física e a força do intelecto, para não falar da beleza de Helena, pivô da Guerra de Tróia, e da queda quase cotidiana de políticos famosos que sucumbiram sob o poderoso fascínio e encanto das forças da delicadeza e da beleza, duas das forças misteriosas mais reconhecidas e utilizadas pela magia negra ao longo dos séculos.
Do que vimos até aqui pode-se concluir que uma família natural é uma unidade-dual constituída por dois elementos distintos e complementares (homem-mulher, positivo-negativo), a qual somente sobrevive com base em uma ação harmoniosa de interconexão, intercâmbio e interdependência recíproca. E esta relação harmoniosa — base existencial das unidades-duais — somente pode existir na presença de dois elementos: o amor (o “grude” que os atrai e os mantém unidos) e a verdade, a compreensão de que cada elemento é uma parte distinta e complementar do outro, que os dois elementos não são idênticos, não podem ocupar o mesmo espaço nem a mesma posição na ordem natural, e que, por serem distintos e complementares, um necessariamente ocupa a posição de sujeito, e o outro, a de objeto. Na família, historicamente, o homem ocupa a posição de sujeito, e a mulher, a de objeto; os pais ocupam a posição de sujeito, e os filhos, a de objeto; os irmãos mais velhos ocupam a posição de sujeito, e os mais novos, de objeto. O mesmo acontece na sociedade, uma vez que esta é uma família ampliada (resultante do somatório de famílias naturais, o que faz dela também uma instituição natural). Na escola, o professor ocupa a posição de sujeito, e os alunos, a de objeto; no Estado, o governo ocupa a posição de sujeito, e o povo, a de objeto. O modelo natural revela que o sujeito existe para servir ao objeto — e é esta a característica básica do sujeito. O sujeito não existe para si mesmo, mas para os outros. Veja-se o caso da abelha rainha. Ela é maior e mais forte, mas existe para a colméia. Serve a todas e sacrifica-se pelo bem do todo. Nunca sai da colméia nem sequer para um único vôo. Nenhum ser humano egoísta optaria por ser um rei nestas condições.
5. A tendência humana ao desprezo pelo modelo natural
Um fato conduz ao outro. E temos que pensar na estrutura funcional da família. Quem se sacrifica por quem? Obviamente, são os pais que se sacrificam completamente pelos filhos. Olhe para a população e para o desenvolvimento da nação brasileira. Geração após geração cada uma acrescentou algo à sociedade brasileira. Olhe para o desenvolvimento tecnológico da sociedade humana. Geração após geração, cada uma acrescentou algo ao nível atual de saber e tecnologia da humanidade. Onde está, pois, a raiz de tantos problemas ao lado de tantos bons feitos sociais? Está no egoísmo humano (devido à amplitude e à profundidade do tema egoísmo, não o abordaremos aqui). O homem egoísta sempre apresentou uma tendência a desprezar e a inverter o modelo natural. O sujeito, em vez de servir ao objeto e ao todo, serve-se do objeto e do todo em seu próprio benefício. O aluno, em vez de posicionar-se dentro de sua posição natural, tende a inverter suas posições e papéis; mais ainda, estimulado por hipóteses “pedagógicas” que o estimulam nessa postura com “justificativas” teóricas anticêntricas e anárquicas. Essa tendência à rejeição de um regente central refletiu-se em todos os setores da sociedade humana, e acabou voltando-se contra o próprio homem que passou a ser classificado como um estômago faminto (marxismo) e como um objeto sexual movido por instintos e pela libido (uma imaginária “energia” exclusivamente sexual) Essa tendência à inversão de posições e papéis é um dos labirintos teóricos por onde a pedagogia e a educação brasileira se perdeu. O psicólogo brasileiro Norberto Keppe, fundador da Trilogia Analítica, chamou essa tendência negativa da natureza humana de teomania.
6. Qual a finalidade da educação ?
Se existe apenas uma única humanidade e uma única natureza humana inata universal, deve haver uma única teoria pedagógica e um único método pedagógico verdadeiro aplicáveis universalmente. Com uma teoria pedagógica e um método pedagógico verdadeiros teríamos um sistema educacional único e verdadeiro e único. Atualmente temos uma espécie de baralho pedagógico, onde dezenas de teorias e métodos ditos pedagógicos, materialistas e pró-espiritualistas se confrontam, disputando a hegemonia global.
Se falamos de uma teoria e de um método pedagógico verdadeiros estamos falando de uma teoria e um método perfeitos, pois a verdade é única e imutável porque é perfeita. E se falamos de uma teoria e de um método pedagógico verdadeiros estamos falando de uma teoria e de um método únicos, pois uma teoria e um método verdadeiros significam que foram aperfeiçoados ao longo do tempo com base nas muitas teorias e métodos desenvolvidos e experimentados anteriormente. E se alcançarmos uma teoria e um método pedagógico verdadeiros estes não necessitarão de reparos ou acréscimos, pois qualquer tentativa de aperfeiçoar o que já é perfeito, só pode ser para pior.
Onde estão a teoria pedagógica e o método pedagógico verdadeiros? Não existem ainda. Portanto, precisamos buscá-los, descobri-los e aperfeiçoá-los. Não basta, portanto, continuar simplesmente aplicando teorias e métodos pedagógicos imperfeitos ou falsos criados há um século, ou séculos atrás. A aplicação das teorias e dos métodos pedagógicos aplicados atualmente geraram o sistema educacional caótico, improdutivo e problemático atual, o qual gerou a guerra professor-aluno, onde os professores têm sido agredidos e assassinados em sala de aula por seu alunos crianças. Esta situação é a marca do fracasso total.
As contribuições de Comenius, Lutero, Piaget, entre outros, foram valiosas, mas não foram suficientes. Temos muitas teorias e muitos métodos pedagógicos, mas o sistema educacional contemporâneo está em crise, exigindo remendos e reformas urgentes. Precisamos solucionar o problema da educação. De outro modo, não avançaremos nos outros setores sociais. Portanto, a questão é: onde está a raiz do problema do nosso sistema educacional? Nas teorias, nos métodos, no sistema, nos governos, nos professores, nos alunos, nos pais ou nas famílias? Qual a raiz da sociedade? Não é a família? Logo, é na família que nascem os problemas do nosso sistema educacional. E é portanto para a família que a pedagogia deve voltar seu olhar.
7. Psicologismo: o labirinto teórico da pedagogia
Afinal, qual o problema das teorias pedagógicas em vigor? Temos dezenas de teorias, mas podemos classificá-las em dois grupos básicos: as materialistas (inspiradas no materialismo de Marx e Freud, como as teorias de Vygotsky e Skinner) e as não-materialistas (inspiradas no Cristianismo, tais como as teorias de Comenius e Piaget). Eis a essência do problema. Onde está a verdade: no materialismo ou no Cristianismo? A história geopolítica do século XX e a ciência do século XX provaram que as teorias materialistas, aplicadas na prática, não produzem os resultados que prometem. Aplicadas nas sociedades totalitárias e democráticas, elas fracassaram em todos os campos: na política, na economia e na educação. O estado caótico interno (crise de idéias e valores) do sistema educacional exige, não apenas investimentos materiais (estes apenas aumentariam o tamanho do sistema caótico existente). Precisamos, principalmente, de novas idéias; idéias não materialistas (uma vez que o sistema atual, em crise e declínio, foi inspirado basicamente por idéias materialistas. Estudemos brevemente o exemplo das teorias de Vykotsky, o mais festejado pensador da educação do nosso sistema educacional.
8. A teoria histórico-cultural de Vykotsky
Lev Semenovitch Vygotsky (1896-1934) foi um pensador marxista-leninista. Portanto, materialista e ateísta, adepto das teorias que criaram o modelo social comunista (que ruiu em l988). A idéia básica da teoria histórico-cultural de Vykotsky é a idéia da formação social da mente (título de um de seus livros). No livro Introdução à Psicologia da Educação o organizador Kester Carrara, sintetizou o conceito basilar da teoria de Vygotsky:
“A teoria histórico-cultural parte do pressuposto de que, na presença de condições adequadas de vida e de educação, as crianças desenvolvem intensamente, e desde os primeiros anos de vida, diferentes atividades práticas, intelectuais e artísticas e iniciam a formação de idéias, sentimentos, hábitos morais e traços de personalidade...”.
Em termos mais claros: o ser humano é como uma folha de papel em branco; nasce como um corpo carnoso vazio, mas com o potencial para tornar-se humano. É a hipótese da tábula rasa: O homem é um produto do meio social; o homem o que apreende da cultura. a cultura cria a mente e a natureza humana. Isto significa que quando quando o primeiro homem veio a existir já encontrou uma cultura humana para torná-lo homem. Essa hipótese é um equívoco e contém uma paradoxo intransponível. É um total contrasenso. Mas, porque ninguém o notou? Para entender melhor o paradoxo da hipótese da tabula rasa precisamos fazer a pergunta certa: o que veio primeiro: a mente humana ou a cultura humana? Quando o primeiro casal homo sapiens surgiu, já existia a cultura humana? E se a cultura humana pré-existiu ao homem, quem a criou, se não existiam mentes anteriores que tivessem criado a cultura? A hipótese da tabula rasa, fundamento da hipótese histórico-cultural de Vykotsky. Pode-se acreditar que Vykotsky não tenha percebido estas contradições na época em que construiu sua hipótese. Mas acreditar nisto seria muita ingenuidade e bonomia. Sabendo que o conceito de cultura é o conceito fundamental da hipótese histórico-cultural, pode-se ainda acreditar que Vykotsky realmente não pensou nestas questões? Provavelmente, pensou. Mas como marxista-leninista ele tinha ideais e objetivos comunistas globais de longo prazo. Para um marxista-leninista, imerso no “messianismo” marxista, o fim justifica os meios. Desse modo é mais sensato pensar que Vykotsky conhecia o paradoxo intrínseco de sua hipótese histórico-cultural, mas isto era irrelevante em comparação ao ideal global comunista. Por isso, ele pode ter perfeitamente desenvolvido sua hipótese a priori simplesmente para contrapropor e destruir a teoria da educação cristã das sociedades democráticas cristãs. Como se sabe, para o comunismo internacional a verdade não interessa, pois a mentira é instrumento de trabalho.
9. A hipótese da tábula rasa e a teoria da natureza humana inata
A hipótese da tábula rasa, ou apagada (uma referência ao sistema de escrita romano constituído de uma tábula coberta de cera cujos escritos podiam ser apagados para reutilização) foi formulada por Aristóteles para se opor a Platão, seu antigo mestre. O conceito ressurgiu na modernidade com o filósofo inglês John Locke (1632-1704), considerado o protagonista do empirismo. Locke detalhou a tese da tabula rasa em seu livro Ensaio sobre o Entendimento Humano(1690). A crítica a Vikptsky é a critica à hipótese da tabáula rasa, Pode-se ignorar a abordagem crítica que fazemos aqui da teoria histórico-cultural, mas não se pode ignorar a ciência, pois ela progride precisamente com base na substituição de teorias imperfeitas do passado por teorias mais perfeitas do presente. E no presente a teoria da tábula rasa (a formação social da mente, base da teoria de Vykotsky) já foi suplantada pela idéia oposta: a teoria da natureza humana inata, segundo a qual todos os seres humanos já nascem dotados de um conjunto de proto-idéias, sentimentos, desejos emocionais e necessidades físicas inatas. Assim, a natureza humana não é formada a partir da cultura externa, pré-existente e oriunda do nada, mas a cultura é formada a partir da exteriorização da natureza humana inata; dos desejos essenciais de seu espírito e das necessidades físicas de seu corpo. Vejamos o exemplo da teoria das faculdades humanas fundamentais: emoção, intelecto e vontade.
Impulsionado pelo desejo de alegria (a finalidade da existência humana), o homem cria as artes, em busca da beleza; cria as filosofias e as ciências, em busca da verdade, e cria a religião e a filantropia, em busca da bondade. A beleza, a verdade e o bem, inquestionavelmente, satisfazem desejos humanos e são fontes absolutas de alegria para todos os seres humanos. O desejo pela beleza e o talento para as artes são inatos, são componentes intrínsecos da natureza humana universal. São inúmeros, em toda a história e em todo o mundo, os exemplos de crianças prodígios capazes de desenhar, pintar, compor, esculpir, dançar, etc, natural e espontaneamente antes da aprendizagem de quaisquer ensinamentos formais externos. O talento para as artes, para os esportes, para a ciência, etc, são inatos. Isto explica as pinturas rupestres, os vestuários e instrumentos primitivos, etc. O acúmulo do conhecimento explica o progresso da cultura, progresso que se manifesta proporcionalmente ao aperfeiçoamento e exteriorização dos talentos humanos inatos.
10. Chomski, Pinker e a Morte da hipótese da tabula rasa
A título de exemplificar, citemos apenas três pensadores contemporâneos, cujas teorias científicas desmontaram a base teórica da teoria histórico-cultural: Noan Chomski (1928-), Donald Brown (1985-) e Steven Pinker (1954-).
Chomski criou a teoria da gramática gerativa através da qual demonstrou que todos os seres humanos já nascem com a capacidade potencial inata para a expressar certas figuras gramaticais como verbos, substantivos, adjetivos pronomes, advérbios, etc (como um software). Todas as línguas apresentam as mesmas figuras gramaticais, em maior ou menor número. Na Psicologia Deusista que estamos desenvolvendo falamos em uma Linguagem Humana Original, ou inata e universal, a qual já nasce com o homem. Do mesmo modo que ocorre com diferentes espécies de aves, as quais manifestam cantos peculiares que os identificam em qualquer parte do mundo. O canto característico de cada ave é inato. Assim também o é a gramática e a linguagem humana. As distâncias e o isolamento ocasionou a diferenciação dos sons e dos símbolos das línguas, mas não alterou o conteúdo inato, uma vez que este está na natureza humana. A linguagem humana se aperfeiçoa paralelamente ao desenvolvimento das faculdades fundamentais (emoção, intelecto e vontade; ou de acordo com a linha do desenvolvimento do coração e do intelecto), gerando o progresso e o aperfeiçoamento da cultura. Porém, o que as palavras expressam são os sentimentos, os desejos e as necessidades humanas inatas e universais. Em toda a história e em todos os lugares as expressões faciais dos seres humanas são idênticas na manifestação dos mesmos sentimentos, tais como alegria, tristeza, mágoa, desprezo, dor, ira, etc, fato que demonstra que histórica e universalmente a natureza humana é idêntica; seus sentimentos, suas idéias, seus desejos psicoemocionais e espirituais e suas necessidades físicas, são os mesmos,conforme demonstrou suas expressões faciais.
Por sua vez, Donald Brown, em seu livro Human Universals (1991), compilou uma lista de 400 traços culturais universais presentes em todas as culturas primitivas, antigas e atuais do mundo, as quais se formaram independentemente umas das outras, demonstrando definitivamente a realidade da natureza humana inata e universal. Embora Brown e Pinker interpretem os traços culturais universais e históricos na vã tentativa de negá-los no contexto da psicologia evolucionista (materialista), os mesmos dados científicos estão sendo utilizados aqui no sentido exatamente oposto: o de afirmá-los e, por meio deles, afirmar definitivamente a realidade da natureza humana universal inata. E esta é uma vitória teórica fundamental para a suplantação do materialismo pelo Deusismo.
Comentando a pesquisa de Brown em seu livro Tabula Rasa (Companhia das Letras, 2002), Pinker, professor de psicologia da Universidade Harvard, EUA, analisou e reafirmou os 400 traços culturais universais endêmicos presentes em todas as culturas da história, embora independentes e isoladas umas das outras no tempo e no espaço. Cabe citar que estes estudos são reconhecidos pela ciência ortodoxa, uma vez que foram realizados ao longo da história por antropólogos culturais, sociólogos e etnógrafos do stablishmemt científico oficial. E todos os dados da pesquisa encontram-se á disposição dos que desejarem se aprofundar no tema. Os livros de Brawn e Pinker fornecem uma síntese bastante satisfatória..
A teoria da natureza humana inata universal pode ainda ser corroborada -pela teoria dos imperativos morais, de Kant, entre muitos outros filósofos e cientistas cujas pesquisas a fortalecem. Repetindo a pergunta: existe uma natureza humana inata universal, ou o homem nasce como um corpo carnoso vazio, uma folha de papel em branco? A resposta da ciência ortodoxa contemporânea é: Sim. Existe uma natureza humana inata universal. Logo, a teoria histórico-cultural de Vykotsky é fundamentalmente falsa. E se a base fundamental de uma proposição hipotética é falsa, obviamente a hipótese não produzirá os resultados que promete, e deveria ser alijada do sistema educacional, que está em busca de uma teoria e de um método pedagógico mais próximos da verdade a fim de continuar progredindo rumo à teoria da educação ideal e perfeita. Dessa forma, pode-se dizer que a origem do caos pedagógico que assola o sistema educacional contemporâneo está na infiltração e no confronto ideológico, gerador da guerra cultural entre o materialismo e o Deusismo. “Pedagogos” e “psicólogos” materialistas planejaram e infiltraram suas hipóteses materialistas corrosivas no sistema educacional Deusista das sociedade cristãs a fim de conquistar o poder político-econômico das nações sem o uso da armas. É a guerra psicopolítca iniciada por Lênin, com base nas idéias de Sun Tzu, Freud e Pavlov. Tamanha maldade é inacreditável para a mentalidade cristã. Cabe citar um trecho de A Arte da Guerra do general Syn Tzu:
“O mais contraprodutivo, o mais bárbaro e o mais ineficiente e idiota modo de guerra é a luta no campo de batalha. A mais alta Arte da Guerra é não chegar a lutar. mas subverter os valores do país inimigo até o momento em que a percepção da realidade do inimigo se deteriore a tal ponto que ele não mais perceba o invasor como seu inimigo, e que o sistema de idéias, a civilização e as ambições do invasor pareçam ao inimigo uma alternativa, senão desejável, ao menos factível. Este é o propósito final da subversão.”
11. A psicologia dividida e conflitada. A Escola Psicologizante e a Escola Familista
A Profª Tânia Zagury, pedagoga e mestre em educação, em livros como Limites sem Trauma, Sem Padecer no Paraíso, Os Direitos dos Pais, Educar Sem Culpa, O Professor Refém, entre outros, tem sistematicamente denunciado a profunda, longa e, muitas vezes, inadequada influência da psicologia na pedagogia. Em seu livro Sem Padecer no Paraíso, a Profª Tânia Zagury
“discute os principais problemas que envolvem a educação dos filhos na sociedade moderna, quando toda uma geração de pais foi influenciada por uma visão excessivamente psicologizante. As ambigüidades, as diferenças entre as regras estabelecidas pelos teóricos e o que acontece na realidade são o tema de seu livro, onde também critica a tirania de alguns especialistas que contribuíram para a disseminação de um dos maiores males da educação moderna — o psicologismo.”
Por sua vez, a Drª Guiomar Namo de Mello, doutora em educação pela Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), concordando com a Profª Tânia, escreveu:
“Este livro constitui um saudável exemplo de que é possível desenvolver, sem conservadorismo, um pensamento divergente das modas e manias autoproclamadas modernas. A autora mostra como as exigências estabelecidas pelos especialistas quanto à melhor forma de atingir esse objetivo — a educação — são, em geral, de pouca ajuda, ou mesmo dificultam a tomada de decisões equilibradas nas relações entre pais e filhos... O que provavelmente torna essa tarefa (a educação) mais complexa nos dias atuais é a ausência de um sistema único de valores, é o caráter pluralista, intensamente dinâmico das sociedades atuais, nas quais padrões de conduta e concepções de mundo disputam a hegemonia sem que uma delas prevaleça”.
Em seus livros, a Profª Tânia também tem sistematicamente defendido o estreitamento da parceria Família-Escola:
“Nossa sociedade está vivendo uma situação-limite: violência crescente, glamourização e abuso do uso de drogas, aumento de suicídio, depressão entre os jovens, crise ética, consumismo desenfreado, corrupção e impunidade... A única saída é formar em nossos filhos e alunos valores tão firmemente internalizados, que se tornem parte deles mesmos. Para isso é preciso ter, antes de tudo, reassegurados os direitos dos pais. É fundamental voltar a crer na força da influência da família.”
Eis as visões da Profª Tânia Zagury, mestre em educação (autora de 11 livros) e da Drª Guiomar Namo de Mello, doutora em educação e professora da PUC-SP. As duas pedagogas contestam, por um lado, a influência profunda e “exagerada” da psicologia na pedagogia, influência que desnorteou professores e pais; e por outro, enfatizam a importância da parceria família-escola. E ambas revelam ainda que o pensamento pedagógico contemporâneo está dividido entre duas Escolas, que denominaremos aqui de Escola Psicologizante e Escola Familista-realista. Diante da crise atuaç do sistema educacional há uma tendência entre professores e pais a adotarem as idéias da Escola Familista.
Evidentemente educação é aprendizagem, e aprendizagem tem a ver com psicologia. Portanto, não está se falando das teorias pedagógicas relativas ao processo psicológico da aprendizagem, mas às extrapolações e às inserções que alguns psicólogos materialistas têm feito na pedagogia, imiscuindo nela conceitos alheios acerca da origem e da natureza do homem e da finalidade da educação; chegando alguns, ao absurdo de afirmar que a finalidade da educação é a conscientização do homem quanto à sua situação de miséria e exploração, propondo como solução a revolução socialista violenta. como se o espírito revolucionário (rebelião social) e a violência social fossem elementos pedagógicos.
12. A Pedagogia Essencial e os três desejos essenciais da natureza humana
Uma das características inatas e universais da natureza humana constatadas pela antropologia cultural, pela etnologia e pela psicologia é a presença de 3 desejos essenciais na natureza humana: educação, família e prosperidade. Todos os seres humanos apresentam um desejo básico essencial: o desejo de ser feliz. Tudo o que fazem está direcionado para a realização desse desejo que, de tão universal e histórico, pode ser identificado com a própria finalidade da existência humana — ser feliz, buscar a alegria. É o aspecto lúdico tão valorizado atualmente na pedagogia. Para ser feliz o homem precisa exercer a sua criatividade, para ser criativo precisa ser livre e para ser livre precisa ser responsável. Sem responsabilidade (sem o cumprimento de seus deveres) ele não tem direito à liberdade (seus direitos), sem liberdade não pode ser criativo e sem o exercício de sua criatividade não pode ser feliz. Assim, seu desejo e seu objetivo de vida essencial é a felicidade, mas a felicidade não deve ser encarada como uma meta, mas como o resultado do cumprimento das responsabilidades da vida; o cumprimento de seus deveres na vida. Por aqui já dá para perceber que o pensamento da sociedade atual (e em parte também o sistema educacional) parece caminhar na direção contrária à realização do desejo humano essencial (o desejo de felicidade plena), pois enfatiza exacerbadamente os direitos e a liberdade (o egoísmo) e menosprezam a ênfase nos deveres e na responsabilidade como prioridades (o altruísmo). Responsabilidade com relação a quê? Com relação à realização dos três desejos essenciais da natureza humana inata: o desejo de aperfeiçoar-se pela educação, o desejo de constituir uma família natural (gerar linhagem e descendência e perpetuar a espécie) e o desejo de prosperar materialmente. A ordem natural é: educação, família e prosperidade. Eis a idéia básica da Pedagogia Essencial e de sua metodologia. Ela tão somente constata a realidade universal e histórica dos 3 desejos essenciais da natureza humana, relaciona-os com o desejo universal e inato de felicidade e se propõe a auxiliar o homem a realizá-los, levando-o finalmente a atingir a felicidade plena. Assim, a Pedagogia Essencial é uma pedagogia natural que se propõe a fornecer aos educandos elementos que auxiliem, facilitem e os encaminhem na direção da realização de seu desejo essencial de alegria; o qual será concretizado pela realização dos 3 desejos essenciais de natureza humana inata. Nesse contexto, tudo o que contribuí para a realização dos 3 desejos essenciais é uma virtude, e deve ser estimulada e premiada; e aqui estamos falando de Uma educação de valores, uma educação centrada na verdade e nos valores morais onipresentes na consciência universal e histórica da humanidade (os imperativos categóricos, de Kant). Do outro lado, tudo o que se contrapõe à realização daqueles 3 desejos essenciais é um vício, um antivalor, e deve ser rejeitado e desestimulado. A Pedagogia Essencial sugere que a finalidade da educação é auxiliar os seres humanos no caminho da felicidade, a qual passa antes necessariamente pela responsabilidade. A Pedagogia Essencial pode absorver perfeitamente a teoria do reforço de Skinner, a qual já foi aceita e está sendo aplicada mundialmente na educação. A questão, portanto, está na definição do que contribui ou não para a realização da felicidade através da concretização dos 3 desejos essenciais da natureza inata do homem.
A Pedagogia Essencial também pode ser chamada de Pedagogia da Família ou Pedagogia Natural, uma vez que é uma teorização sobre fenômenos naturais: a família natural e os três desejos essenciais da natureza humana. Nesse sentido a Pedagogia Essencial sempre esteve presente e em vigor em toda a sociedade humana. Ainda que inconscientemente muitos pedagogos se utilizam dessa teoria e desse método (especialmente os educadores de índole religiosa), mas encontram em seu caminho obstáculos teóricos gigantescos introduzidos por psicólogos e pedagogos materialistas confusos que, ao invés de contribuir para a realização do desejo essencial da natureza humana — a felicidade, através da realização dos 3 desejos essenciais — contrapõem-se a eles, inventando e impondo suas visões hipotéticas pessoais materialistas e ateístas por mera pretensão doutoral. Um exemplo clássico deste fato está em Piaget.
Quando criou a Escola Livre de Genebra (a aplicação de sua teoria estruturalista da educação), Piaget criticou e praticamente suprimiu a presença e a autoridade do professor, supondo, talvez, que a educação se realizaria natural e automaticamente, como propunha Sócrates em relação à busca da verdade que jazia no interior do próprio homem. Assim, Piaget propôs que crianças-alunos fossem deixadas livres, sem orientação e sem direcionamento para que aprendessem sozinhas por suas próprias experiências. Foi um fracasso. Passados 20 anos, pesquisas realizadas com aquelas primeiras crianças (já adultas) constataram que a quase totalidade delas havia se transformado em adultos medíocres, sem criatividade, indisciplinados, sem ideais e sem objetivos definidos na vida. O único dentre aqueles alunos que se saíra bem na vida foi um aluno esportista que fora rigidamente disciplinado e educado por seu treinador, paralelamente; fato que demonstrou inequivocamente a importância e a necessidade da autoridade de um professor adulto mais experiente e mais competente (como um regente de uma orquestra) que estabeleça limites e disciplina com propriedade na Escola. Piaget ficou abatido com aqueles resultados desastrosos, mas, como a maioria dos pensadores, se apegara à sua própria hipótese e não a jogou no lixo. Pelo contrário, continuou divulgando-a e expandindo-a. E a hipótese estruturalista foi adotada por milhões de professores e escolas do mundo inteiro. A equivocada hipótese estruturalista, e seu conceito de Escola Livre, foi disseminada pelo mundo, não por si mesma, mas apoiada e impulsionada pelos estudos de Piaget sobre o desenvolvimento psicológico das crianças (gradual e por etapas: sensório-motor, pré-operacional, operacional concreto e operacional formal). Os psicólogos e pedagogos aceitam a teoria de Piaget sobre o desenvolvimento da psicologia infantil, mas não a separam de sua hipótese e de sua metodologia pedagógicas desastrosas com a Escola Livre.
Assim, embora as teorias de Piaget tenham representado uma contribuição à compreensão do desenvolvimento da psicologia infantil, sua teoria e sua metodologia pedagógicas, talvez, tenham trazido um mal muito maior, inspirando todas as idéias atuais quanto à redução do papel e da autoridade do professor na sala de aula (e por extensão, dos pais e das autoridades em geral). Muitas escolas, equivocadas, estão ensinando às crianças que os adultos são desnecessários, que elas não precisam deles e que podem aprender tudo e fazer tudo sozinhas. Este ensinamento é a semente do fim da disciplina e dos limites, cujo fruto é a rebelião social e a criminalidade crescente. Não estamos colhendo hoje os frutos daquela semente?
A problemática pedagógica atual é gigantesca, e não poderíamos abordá-la aqui em todas as suas facetas. Assim, propusemo-nos tão somente a desenvolver e apresentar uma nova perspectiva pedagógica, a Pedagogia Essencial, a qual propõe que a finalidade da educação é auxiliar o homem a encontrar a felicidade (seu sentido existencial), através da concretização dos 3 desejos essenciais de sua natureza inata: educação (crescimento pessoal), família (linhagem e descendência e perpetuação da espécie) e prosperidade (progresso material).
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