
Big Bang x Biocosmos
23/05/2012 22:43Big Bang x Biocosmos
São Paulo, 23 de Maio de 2012 Escrito por Léo Villaverde
“As idéias realmente originais seguem uma trajetória familiar. Primeiro as pessoas dizem que se trata de um absurdo, depois dizem: talvez; e, finalmente, garantem tê-las defendido desde o começo.” (James Lovelock).
1. O modelo do Big Bang
Há décadas os cosmólogos bigbangueanos admitem publicamente que o Big Bang, (Grande Explosão, a hjpótese da origem explosiva do universo) é apenas um modelo teórico; uma hipótese de trabalho, a qual pode vir a se tornar uma teoria verdadeira. Os leigos, no entanto, já a consagraram como a verdade absoluta para explicar a origem do universo. A opinião dos leigos, porém, não tem poder algum para decidir nada no âmbito da ciência real. Assim, o Big Bang continua sendo uma hipótese de trabalho cada vez mais criticada e rejeitada mundialmente..
O modelo do Big Bang propõe-se a desenhar um quadro geral da origem e da evolução (desenvolvimento) do universo. A teoria da relatividade geral, publicada em 1915, por Einstein, descrevia a natureza da força gravitacional, a força dominante no universo, como uma estreita relação entre espaço, tempo e matéria. Além de fundir tempo, espaço e matéria as equações da relatividade geral demonstraram matematicamente que o espaço-tempo é curvo, e seu grau de curvatura é determinado pela densidade material do universo. Isso significa que o espaço-tempo é dotado de um dinamismo próprio, curvando-se, expandindo-se e contraindo-se segundo leis definidas. Um universo dinâmico chegou a surpreender o próprio Einstein, que (diz-se) compartilhava com o ponto de vista dominante em sua época de um universo estático e imutável. Relutante, Einstein introduziu em suas equações a constante cosmológica (uma força repulsiva), tentando anular os resultados que favoreciam as idéias da expansão e da contração eternas do universo bigbangueano em detrimento de um universo em equilíbrio e estável, criado por um Ser Supremo. Os teóricos do Big Bang costumam utilizar como um poderoso dado a seu favor o fato de Einstein ter admitido que aconstante cosmológica fora o maior equívoco de sua vida. É pertinente observar-se aqui que a nova Física, bem como o princípio cosmológico antrópico (com base nas constantes da natureza) favorece a idéia de um universo previamente planejado. O que significa que a visão cosmológica Deusista de Einstein, como também sua constante cosmológica, pode não ter sido um equívoco, mas sim, outra de suas geniais descobertas intuitivas. Na verdade, a crescente crise do modelo do Big Bang obrigou os bigbangueanos a recorrerem precisamente à constante cosmológica de Einstein, utilizando-a como tábua de salvação do Big Bang.
Com base na teoria da relatividade geral, o meteorologista russo, Aleksandr Friedmann (1888-1925) publicou, em 1922 (em pleno regime comunista, o que sugere que Firedmann era ateísta), um estudo contendo uma série de soluções (simplificações) alternativas para as equações de Einstein. Partindo de uma única suposição — a de que o universo é homogêneo —, ao contrário de Einstein, que partiu de duas suposições — universo homogêneo e estável —, e admitindo a hipótese da singularidade (hipótetico ponto de densidade infinita), Friedmann descreveu um universo em expansão em direção a estados de menor densidade, abrindo duas possibilidades para a evolução do universo: 1. universo fechado, no qual as forças gravitacionais atuariam em um determinado ponto, detendo a expansão e ocasionando a contração, o Big Crunch, de volta à singularidade e um novo Big Bang; e 2. a possibilidade da expansão contínua, conseqüentemente, em direção ao esfriamento, escurecimento e morte térmica do universo atual — universo aberto. Trabalhando independentemente, o padre belga George Edouard Lemaïtre (1894-1967) encontrou, em 1927, soluções semelhantes para as equações de Einstein, as quais apontavam na mesma direção de um universo em expansão. O astrônomo Joseph Silk, professor de Astronomia da Universidade da Califórnia e autor do livro O Big Bang — A Origem do Universo (Editora UnB, 1985) diz que o abandono da noção de um universo estático e a adoção da homogeneidade e da expansão foram os lampejos orientadores de Friedmann e Lamaïtre.
Em síntese, a relatividade geral representa uma descrição mais complexa da gravidade e de seu funcionamento. Einstein concluiu que o campo gravitacional de um objeto é determinado pela curvatura do espaço que o circunda. O astrônomo William Kaufmann III esclarece que para se entender a relatividade é preciso entender o significado do espaço-tempo. A Astronomia comprovou que a luz que se registra nas chapas fotográficas dos telescópios é, na verdade, um “fóssil” luminoso. A luz captada esteve viajando por distâncias astronômicas de até 250 milhões de anos-luz. Assim, o registro fotográfico mostra a imagem da galáxiacomo ela era no tempo em que a luz iniciou sua longa viagem. Os bigbangueanos dizem que esse fato comprova-se quando se sabe que é a luz que chega até as lentes dos telescópios. Portanto, quando contemplamos o céu noturno estamos olhando para imagens luminosas do passado. Olhamos para o espaço e para trás no tempo. Assim, pode-se concluir que o tempo é uma quarta dimensão da realidade que se deve acrescer às três dimensões do espaço (altura, largura e profundidade). Podendo-se falar em um universo quadridimensional. Logo, as dimensões do espaço e a passagem do tempo seriam inseparáveis. O somatório dessas quatro dimensões foi chamado por Einstein de continuum espaço-tempo. Rejeitando a hipótese da gravitação de Newton, Einstein concluiu que a presença dos corpos no espaço determina seu campo gravitacional, curvando o espaço ao seu redor. Assim, em regiões do universo onde não existam objetos sólidos, não se formam campos gravitacionais, e o espaço e o tempo são nivelados. Quanto maior a massa de um corpo, maior o seu campo gravitacional; maior a curvatura do espaço-tempo. A relatividade geral predisse ainda que a presença da gravidade faz o tempo passar mais devagar. Para um astronauta, viajando em regiões vazias do espaço, o tempo passaria mais lentamente do que para alguém na Terra. Em busca da comprovação experimental desta idéia cientistas desenvolveram relógios ultrasensíveis capazes de comprovar que, no andar térreo de um grande edifício, o tempo passa mais lentamente do que em seu último andar. O tempo no andar térreo, sofrendo a ação da gravidade com mais intensidade, fluía mais devagar. Estava demonstrada a dimensão espaço-tempo. Mais recentemente, a ciência propôs que a quarta dimensão do espaço não é o tempo, como afirmava Einstein, mas sim a curvatura do espaço-tempo — na verdade, o tempo seria uma conseqüência dessa curvatura. Atualmente há um consenso entre físicos e astrônomos quanto à expansão do universo e de que a gravidade é o fenômeno que afeta a evolução do cosmos. Uma conclusão irônica de tudo isso refere-se ao fato de que os mais recentes avanços da cosmologia coincidem com as afirmações da astrologia ao comprovarem que o futuro é determinado pelos astros. Conhecer os astros e a estrutura do universo é conhecer o futuro do próprio universo. Kaufmann diz que o sentido básico da relatividade é que a matéria determina a curvatura do espaço-tempo, e a curvatura do espaço-tempo determina o comportamento da matéria.
Vimos, portanto, que o modelo do Big Bang teve seu ponto de partida teórico em apenas uma das três alternativas possíveis indicadas pela relatividade geral, a expansão (as outras duas são a contração e a oscilação, as quais , juntas, indicam pulsação), com algumas alterações e com base em duas hipóteses: asingularidade e a homogeneidade. Vejamos como os astrônomos Joseph Silk e Carl Sagan (1934-1996), descrevem o modelo do Big Bang em seus livros, O Big Bang — A Origem do Universo, e Cosmos, respectivamente.
“Há cerca de 20 bilhões de anos ocorreu a Grande Explosão e iniciou-se a expansão cósmica. As condições existentes naquele instante inicial e antes dele, são matérias que a teoria convencional não contempla [i.é. desconhece]. O universo primitivo era muito quente, muito denso, e talvez, muito irregular. A irregularidade e a anisotropia decresceram gradualmente. Alguns minutos após o Big Bang ocorreram algumas reações nucleares; basicamente todo o hélio existente no universo foi sintetizado naquela ocasião. À medida em que o universo se expandia, esfriava, do mesmo modo que o ar quente esfria ao se expandir. A radiação cósmica de fundo é um vestígio residual daquela era primitiva. Ela tem sido chamada de radiação remanescente da bola de fogo primordial. À proporção que a matéria do universo esfriava, ia se transformando em galáxias, que se fragmentavam em estrelas, e se mantiveram agrupadas para formar os agregados estelares nas vastas regiões do espaço. Com o nascimento e a morte das primeiras gerações de estrelas, os elementos pesados, tais como carbono, o oxigênio, o silício e o ferro foram sendo sintetizados. Ao se transformarem em gigantes vermelhas, as estrelas liberavam matéria que se condensavam em grãos de poeira. Novas estrelas se formavam a partir das nuvens de gás e poeira. Em pelo menos uma dessas nebulosas a poeira fria aglomerou-se em torno da estrela, formando um fino disco. Os grãos de poeira aglutinaram-se uns aos outros, dando origem a corpos maiores, que aumentavam de tamanho em razão de sua atração gravitacional, formando uma grande variedade de corpos, desde minúsculos asteróides até os planetas gigantes que constituem o sistema solar. O modelo do Big Bang — a Grande Explosão —, conduz-nos através da evolução de todo o universo, desde os primeiros microssegundos de tempo, até a formação da Terra e o surgimento da vida, estendendo-se até um futuro que talvez seja infinito.” (Apud Joseph Silk. O Big Bang. A Origem do Universo. Editora UnB, l985. Pgs. 6 e 7).
“Há dez ou vinte bilhões de anos atrás aconteceu uma coisa — o Big Bang, o evento que iniciou o nosso universo. Por que aconteceu é o nosso maior mistério. Que aconteceu, é racionalmente claro. Toda a matéria e energia atuais do universo estavam concentradas em uma densidade extremamente alta, um tipo de ovo cósmico, remanescente dos mitos da criação de muitas culturas, talvez um ponto matemático sem nenhuma dimensão [a singularidade]. Não que a matéria e a energia tivessem sido comprimidas em um pequeno canto do universo atual, mas o universo inteiro, matéria, energia e o espaço que preenchem ocupavam um volume único e muito pequeno. Não havia lugar para as coisas acontecerem. Na explosão cósmica titânica o universo iniciou uma expansão que nunca cessou. É um engano descrever a expansão do universo como uma bolha crescendo, vista do lado de fora. É melhor pensar nela do lado de dentro, talvez como uma grade — imaginemos uma aderência a uma estrutura em movimento no espaço — expandindo-se uniformemente em todas as direções. À medida em que o espaço estendeu-se, a matéria e a energia no universo se expandiram com ele e esfriaram rapidamente. A radiação da bola de fogo cósmica que, então, como agora, preenchia o universo, moveu-se no espectro, dos raios gama aos raios X e à luz ultravioleta, através do arco-íris de cores do espectro visível, às regiões do infravermelho e do rádio. Os resquícios desta bola de fogo, a radiação do palco cósmico, emanando de todas as partes do céu podem ainda ser detectadas pelos radiotelescópios de hoje. No início do universo o espaço era brilhantemente iluminado. À medida que o tempo passou, sua estrutura continuou a expandir-se, a radiação a esfriar em luz visível ordinária; e pela primeira vez, o espaço tornou-se escuro, como é hoje.” (Carl Sagan. Cosmos. Francisco Alves, l989. Pg. 246).
Eis um resumo do modelo do Big Bang segundo dois dos mais conceituados professores de Astronomia dos Estados Unidos. A leitura do livro Cosmos, de Sagan, é decepcionante pelo tanto de comentários e divagações supérfluas. Um estudioso da cosmologia facilmente constata que a descrição do Big Bang de Sagan, acima descrita, está realmente muito aquém de sua fama. De qualquer modo, os livros de Silk e Sagan podem ser considerados textos “oficiais” da astronomia ortodoxa, razão porque os adotamos como fontes principais.
Como ocorreu com a teoria do universo estático, também o Big Bang, devido aos seus muitos problemas, esfacelou-se em correntes divergentes, originando várias versões (o dicionário de astronomia Mourão enumera 20 “versões” diferentes do Big Bamg). Todas, entretanto, são variações relativas a algum ponto em particular, mas sempre em torno das idéias bigbangueanas básicas e centrais. Mesmo a hipótese do Estado Estacionário, embora negue o início e o fim do universo, é também uma perspectiva cosmológica materialista, portanto, essencialmente afinada com o Big Bang.
2. O modelo do Biocosmos
O modelo do Biocosmos, o universo vivo, orgânico, sistêmico e transcendente, representa uma contraproposta para o modelo do Big Bang, o universo não-vivo, mecânico, reducionista e materialista, o mais difundido modelo cosmológico contemporâneo, e que se tornou a base da cosmologia contemporânea, apesar de controvertido e contestado desde sua origem. Atualmente, um número crescente de cosmólogos têm criticado e abandonado sistematicamente o Big Bang. Outros, chegam mesmo a declarar que o Big Bang ainda resiste devido ao fato de ainda não ter surgido um modelo cosmológico melhor para substituí-lo. Referindo-se aos problemas e às novas e intrigantes descobertas descortinadas pela cosmologia atual, o astrônomo americano John Gribbin, e o astrofísico canadense Hubert Reeves, escreveram:
“Tais questões [cosmológicas] são intrigantes numa escala literalmente cósmica e não há dúvida de que darão motivo para um livro fascinante quando alguém juntar todas as partes do quebra-cabeça e conseguir formar um quadro completamente novo do universo.”(John Gribbin. A Morte do Sol. Francisco Alves, l983. Pg.157)
“Nas condições originais do Big Bang já não podemos aplicar nossas teorias, o espaço-tempo não é mais definido, não sabemos mais o que significa a palavra antes. Eis por que a questão da origem do universo nos deixa, a nós, astrofísicos, mudos e desamparados...É necessário que encontremos uma teoria mais global do universo.”(Hubert Reeves. O Big Bang é um mal-entendido. Superinteressante. Nov/ l989. Págs. 42 e 47).
“É necessário que encontremos uma teoria mais global do universo.” Esta é a conclusão de Reeves depois de décadas de cosmologia. Esta é também a opinião da maioria dos cosmólogos. Todavia, com a minoria bigbanguena materialista dominado a ciência e as verbas oficiais, a maioria antibigbangueana silencia. Após conhecer estas palavras de Gribbin e Reeves, as quais traduzem a palpitante expectativa atual da comunidade científica contemporânea, percebemos que o modelo do Biocosmos poderia representar uma contribuição a essa busca e a essa necessidade.
Numa manhã do outono de 1980 empreendemos uma análise escrita do modelo do Big Bang para o jornal A União, de João Pessoa, PB. Após aproximadamente 7 horas e 20 páginas escritas fui subitamente surpreendidos por uma palavra que nos afluiu à mente: Biocosmos! Ao analisar seu significado constatei que aquela palavra representava o ponto de partida de uma outra cosmologia oposta à cosmologia do Big Bang. Desde então, temos pesquisado e coletado dados para suportar e evidenciar o modelo do Biocosmos. Eis como resumi o modelo do Biocosmos:
“Em um momento indefinível do tempo teve início a criação do universo. A Bioenergia — o Ser Bioquântico (o substrato original, segundo a teoria quântica desdobrada, do físico David Bohm) —, incriada e indestrutível, decidiu automanifestar-Se de modo finito e visível, emergindo do continuum panergético em incontáveis pontos, simultaneamente (como as ilhas de corais emergem à flor das águas dos oceanos). Tais pontos, considerados individualmente, podem ser chamados nascedouros, vórtices dinâmicos, ou singularidades, no sentido físico convencional. Ao fenômeno da ocorrência simultânea de múltiplas singularidades denominamos multissingularidade, sendo esta definida como o instante inicial do afloramento não-local do universo (tempo-espaço-matéria). O processo que tornou possível a perceptividade da Bioenergia sob distintas formas, das radiações aos átomos, foi a autoconcentração do puro dinamismo de freqüência infinita por redução de freqüência e estabilização dinâmica. Em outros termos: o continuum tempo-espaço-matéria é essencialmente constituído de puro movimento concentrado (ou holomovimento, segundo o físico David Bohm).
A partir da manifestação primordial da matéria no átomo de hidrogênio (H1), o mais leve e simples dos átomos, o processo de autoconcentração dinâmica transmudou-se em autocondensação, formando os elementos pesados, cujo ápice foi atingido no elemento urânio (U248), o elemento mais denso da natureza. A Bioenergia estava automanifestada sob a forma mais elementar da matéria: as espécies químicas. Todo esse processo não se deu a partir de um único ponto, mas deu-se simultaneamente em todo o espaço-tempo. Assim, se houvesse algum observador nesse estágio da automanifestação visível e finito da Bioenergia este veria o universo aquiescer-se, aquecer-se e acender-se, iluminando-se esfericamente de modo lento e simultâneo. Aquele foi o instante exato da multissingularidade, o Fiat lux, o momento em que o puro dinamismo atinge a densidade do fótn de luz, e se torna luz (um processo ativo ainda hoje, mas individualizado nas estrelas chamadas supernovas). A Bioenergia invísivel (ou puro dinamismo) transmudou-se em Bioenergia actínica, térmica e luminosa — radiações, calor e luz. Essa foi a etapa do aparecimento da segunda geração dos entes astrais luminosos (em ordem crescente de densidade e dimensão): luxsares (astros de pura luz ainda não descobertos), nebulosas, estrelas, aglomerados estelares, galáxias, aglomerados galácticos e superaglomerados galácticos. A primeira geração se constitui dos entes astrais radiantes: fontes gravitacionais (buracos negros = vórtices dinâmicos ou nascedouros), fontes de raios X, fontes de rádio, nebulosas escuras, galáxias Seyfert, objetos BL Lacartae, pulsares e quasares (no Biocosmos os quasares e os pulsares são definidos como corpos em que a Bioenergia encontra-se em um estágio de automanifestação imediatamente anterior às nebulosas luminosas — estrelas emergentes —, e, simultaneamente, posterior às estrelas ultravioleta — estrelas imergentes).
3. O Ser Terra e a teoria da bioadição. A origem do sistema solar
Quanto à posição do ser Terra (o planeta) no sistema, o modelo do Biocosmos amplia o escopo da chamada hipótese Gaia , do bioquímico inglês James Lovelock, que demonstrou ser a biosfera, o lençol vivo que recobre o planeta, um único organismo vivo; uma cadeia interligada e interdependente formada por todas as espécies orgânicas do planeta, constituindo um macro-ecossistema simbiótico. O Biocosmos, porém, amplia e aprofunda a hipótese Gaia , considerando o planeta Terra como um sistema vivo em sua inteireza (litosfera, hidrosfera, biosfera e atmosfera), acrescentando-lhe mais uma esfera, a noosfera, a esfera psíquica, passando a chamá-lo de Ser Terra ou Bioterra — o planeta vivo.
A cosmologia do Biocosmos rejeita a hipótese Nebular de Descartes-Kant-Laplace, referente à origem do sistema solar, segundo a qual nosso sistema planetário surgiu a partir da condensação gradual de uma grande nuvem de gases (restos de uma supernovae), e da agregação de poeira cósmica fria. Considerando que a mentalidade da época em que a hipótese nebular foi formulada por Descartes (início do século XVI) e o atual estágio da ciência, onde o acaso e o materialismo foram descartados; considerando ainda que, ao contrário do que propõe a hipótese da acreção (a poeira e os meteoritos primordiais se chocavam e se incrustavam uns nos outros, crescendo e formando os planetas), o impacto dos choques tende mais a pulverizar do que a agregar; considerando ainda a argumentação do princípio cosmológico antrópico e da hipótese Gaia, entre muitos outros dados científicos atuais, o Biocosmos rejeita a hipótese nebular, e propõe em seu lugar a hipótese do Ser Terra, o planeta plenamente vivo, formado por bioadição. Segundo a teoria da bioadição (observada ainda hoje nos astros e na Terra), os corpos de nosso sistema planetário originaram-se a partir de vórtices dinâmicos, nascedouros individuais (ou singularidades, para os bigbangueanos) formados no “tecido” holodinâmico do continuum panergético (o substrato original e infinito de puro dinamismo). A partir daqueles vórtices, radiações, partículas e átomos foram sendo criados e unidos, num processo de bioadição semelhante ao processo que dá origem aos corpos dos sistemas vivos orgânicos. Em todo esse processo a Bioenergia se transmuta e se condensa sem sofrer quaisquer alterações em sua natureza essencial.
4. Biocosmos. O universo esférico-espiralado
A presença dos corpos compactos provoca a curvatura do espaço-tempo (segundo a teoria gravitacional de Einstein), enquanto a ejecção da radiação e das partículas criadas pelo vórtice dinâmico nuclear, em um movimento circular espiralado, ocasiona o movimento rotativo próprio dos astros, bem como a tendência ao movimento circular universal, também responsável pela tendência à esfericidade dos corpos astrais. Assim, de um modo geral, mesmo que os corpos astrais aparentem possuir formas um tanto irregulares, a tendência de todos eles é a esfericidade. Eis como o Biocosmos explica o movimento de rotação e a esfericidade dos corpos astrais. E esta é uma explicação inovadora.
Se fosse possível a alguém olhar o universo de fora dele (como os astronautas olharam a Terra) veria algo semelhante a um superaglomerado galáctico constituído por camadas sobrepostas; uma espécie de “cebola” cósmica. Não obstante, tais camadas constituem um tecido único, esférico, fechado e estampado pelos corpos astrais. Cada uma dessas camadas teve início em uma singularidade, mas emergiram simultaneamente na multissingularidade. Pode-se dizer que o universo se autocriou. emergiu lentamente por inteiro em um indefinível momentum do espaço-tempo, pois a idade do universo é uma informação para sempre fora do alcance humano (o princípio da importência do matemático Edmundo Whithaker). E se aquele alguém se encontrasse em um nível de dimensão proporcional ao universo, poderia observar a pulsação do universo e ouvir o som provocado por ela. O Biocosmos, assim, lhe pareceria como uma megacélula pulsante. Tal imagem de um universo vivo e pulsante sugere um quê de verdade no antigo mito do ovo primordial, do qual, segundo a mentalidade primitiva, teria nascido o universo. Este universo uno, que se desenvolveu lentamente, crescendo por inteiro a partir de múltiplos pontos do espaço-tempo em ummomentum inicial é corroborado pela visão cosmológica de Einstein, que se opunha ao Big Bang e admitia o nascimento lento e gradual do universo, mas a partir de um único ponto. Esta mesma visão era compartilhada por diversos outros cientistas antes do surgimento do modelo do Big Bang. Infelizmente, Einstein ainda não era reconhecido. E quando lhe informaram que o Big Bang se apoiava na teoria da relatividade (apenas na idéia da expansão) Eiinsten abandonou a visão do nascimento lento e gradual do cosmos e rendeu-se aos bigbangueanos e à ideia da origem explosiva do cosmos. Este equívoco e a aceitação do Deus de Spinoza (a visão hindu de um Deus insensível e indiferente à Sua Criação) foram, ao meu ver, os maiores equívocos de Einstein.
A nova Geometria das fractais demonstrou a simetria, a forma constantes e a similaridade das partes de um todo qualquer, e a teoria do universo holográfico demonstrou que a parte é um retrato do todo, contém o todo. Estas teorias aplicam-se universalmente do micro ao macrocosmos. Nestes termos, a idéia primitiva do ovo primordial pode equivaler ao macro-ovo primordial atual — o universo —, que continua multiplicando-se em bloco, das partículas às estrelas, como que renovando-se, dando à luz um “novo” universo de tempos em tempos. Exatamente como o corpo do homem, onde todas as células estão continuamente se renovando, como que dando à luz um novo corpo de tempos em tempos.
5. O Biocosmos e o novo conceito físico de Inicial
Contra a idéia de que o universo nunca teve um início, proposta pela cosmologia materialista da antiguidade e pela teoria do Estado Estacionário, de Thomas Gold, Hermann Bond e Fred Hoyle, o Biocosmos propõe, entre outros argumentos, o conceito de inicial, o qual consiste na constatação de que todo e qualquer fenômeno manifesto dentro dos limites de nossa percepção física, inevitavelmente teve um início. É absolutamente inconcebível, diante das leis da física e das leis lógicas do pensamento conceber algo que, sendo perceptível à nossa inteligência, tenha provido do nada absoluto e não tenha tido um momento inicial de existência. A esse modo-de-ser (lei natural) do universo manifesto podemos chamar de Inicial (semelhante ao conceito de Referencial, da Física). Do conceito de Inicial pode-se deduzir que o universo material teve um início e, sendo material (espaço-tempo-matéria), possui temporalidade e ocupa um lugar no espaço. Neste ponto, o próprio Big Bang contribui para enfraquecer o Estado Estacionário, uma vez que admite um momento inicial para a existência do universo. E foi a admissão de um ponto inicial (negado pela hipótese do estado estacionário) que atraiu o apoio dos religiosos cristãos para o Big Bang, identificado com o Fiat Lux. No Biocosmos o universo não teve simplesmente um início; ele teve um momento ordenado de nascimento.
6. O Biocosmos e o sistema bicêntrico
O Biocosmos contesta o universo acêntrico bigbangueano, propondo um universo cêntrico, com base no fato de que o ponto inicial de existência manifesta coincide com o ponto central do fenômeno. Logo, todo e qualquer fenômeno manifesto é dotado de um ponto central; dos elementos químicos às células, dos sistemas orgânicos ao sistema planetário, do sistema planetário aos sistemas estelares e galácticos, estendendo-se ao próprio universo. Esse outro modo-de-serdo universo (lei natural da centralidade) nos conduz à conclusão de que o universo possui um centro, o qual pode já estar sendo detectado nos estudos do Grande Atrator, situado na constelação de Centauro. Esse ponto central ocupa sempre a posição subjetiva e regente do fenômeno manifesto. O núcleo atômico no átomo; o núcleo celular na célula, os instintos nos vegetais, nos animais e no homem, no Ser Terra a consciência planetária (a consciência da humanidade, parte integrante do planeta) e no Biocosmos a consciência cósmica, o mente holotrópica onipresente.
O conceito de centro regente abrange dois tipos diferentes de centros: o centro regente espacial (físico e local) e o centro regente não-espacial(transfísico e não-local). Assim, pode-se dizer que o centro espacial do sistema planetário solar é o Soll; mas do ponto de vista não-espacial é o homem (centro de consciência, centro de regência, centro de complexidade, centro referencial de valor e centro de perspectiva). Partindo desse ponto o modelo do Biocosmos funde as duas teorias cêntricas locais — geocentrismo e heliocentrismo — em uma única teoria unificada: o sistema bicêntrico. Entretanto, considerando o elevado papel do ser humano no sistema, o BIocosmos o eleva para a posição de centro regente manifesto não-local do universo conhecido. A essa idéia pode-se chamar sistema homocêntrico, levando-a a coincidir com o princípio cosmológico antrópico desenvolvido pelo matemático Brandon Carter, que lhe fornece os fundamentos científicos.
O princípio cosmológico antrópico considera que o universo foi concebido especialmente para possibilitar e suportar o planeta Terra e o homem; que o universo está fisicamente centrado no homem (antropia). Como se sabe, o princípio antrópico representa uma contraproposta para o princípio isotrópico de Copérnico, adotado pelo Big Bang, segundo o qual todas as partes do universo são idênticas, isotrópicas. Logo, o ponto do universo em que está localizada a Terra nada teria de especial, e o tipo de evolução que ocorreu aqui poderia ocorrer em qualquer outro ponto do universo. Deste princípio originaram-se as buscas por outros planetas similares à Terra e por extraterrestres inteligentes. Quanto aos extraterrestres, depois de 30 anos caçando-os, o astrônomo Carl Sagan concluiu:
“Essa é uma hipótese extraordinária. Hipóteses extraordinárias exigem evidências extraordinárias. Essas evidências ainda não existem. Não existe uma única evidência física irrefutável dos Ufos e dos Et’s. Tudo o que eu pediria a uma pessoa que diz ter visto um alienígena é uma evidência física, não uma história.” (Carl Sagan. A Vida Fora da Terra. Veja. Março/l996. Págs. 88 e 89).
Por fim, o Biocosmos nega a origem do tudo a partir do nada, propondo a origem do universo a partir da automanifestação visível e finita da Bioenergia invisível e infinita (o Ser Bioquântico Original). Nega também o acaso, classificando-o como uma ideia vazia (destituída de conteúdo teórico; logo, absolutamente incapaz de projetar ou criar coisa alguma), propondo em seu lugar a lei da naturalidade, com o seguinte enunciado: “Todos os corpos do universo (inorgânicos e orgânicos) resultam da combinação pré-programada e intradirigida das duas partículas estáveis fundamentais (próton e elétron) e dos 92 átomos naturais; e todos os sistemas vivos orgânicos resultam da combinação intradirigida e pré-programada das 4 bases do DNA (ctdg). A lei da naturalidade explica o modo espontâneo e natural (aparentemente ao acaso) como os corpos se formam e distribuem-se na natureza. A prova experimental e a demonstração matemática da lei da naturalidade está na teoria do caos e na geometria fractal, as quais demonstraram a presença de ordem nos fenômenos aparentemente caóticos do universo. Esse modo e esse estado espontâneo e natural da auto-organização do universo levou a ciência materialista a postular a existência do acaso como uma entidade criadora real, e a supor que o universo teria sido criado pelo acaso através de bilhões de acidentes felizes, com os quais tentou explicar a perfeição, a beleza e a funcionalidade ordenada e matemática do universo. Cabe lembrar que a matemática jamais demonstrou a existência do acaso, que está rapidamente sendo alijado da ciência atual.
Quando se considera a realidade da Bioenergia primordial como uma realidade viva e pré-existente ao universo (dotada de sensibilidade, volitividade, criatividade e poder criador físico), à qual o Biocosmos chamou de Ser Bioquântico Original (porque é quântico, precedeu a própria energia) como o ser que idealizou e tomou a decisão de Se autotransformar “concretamente” no universo visível e finito (que contém e manifesta o caráter essencial e a potência física de Seu Criador — atividade, sensibilidade, psiquismo e volitividade —, as quais são também as características essenciais e perceptíveis do universo criado, chega-se à noção de Centro Regente Essencial, a fonte quântica de toda informação e todo quanta que organizou e se automanifestou no universo. Na linguagem atual da física bohminiana: ordem implícita; na linguagem tradicional da mística: Deus; na linguagem do Biocosmos: Ser Bioquântico Original.
7. A tipologia astral do Biocosmos
Quanto aos corpos astrais a teoria do Biocosmos não os vê como fenômenos distintos uns dos outros, mas simplesmente como etapas de formação de um único tipo de astro — a galáxia espiralada; etapas caracterizadas por um aumento de complexidade, densidade, volume e forma. Assim, de um nascedouro— um vórtice dinâmico, uma singularidade, um ponto no oceano de puro dinamismo — inicia-se a automanifestação da Bioenergia que, por redução na freqüência de seu estado quântico original e estabilização dinâmica, transmuda-se em radiações, partículas e átomos, tornando-se “pedaços” de Bioenergia, luz concentrada e condensada: a matéria. Deste modo, observadas as diferentes formas das galáxias pode-se dispô-las em uma ordem gradativa de desenvolvimento com base em suas formas aparentes, começando pela forma elíptica, a barrada, até a forma espiralada — a forma adulta e final de todas as galáxias. Nestes termos, formas elípticas, barradas e espiraladas não são tipos diferentes de galáxias, mas tão somente etapas do desenvolvimento de um único tipo. Assim, do modo como ocorre com os sistemas vivos orgânicos, que atravessam formas distintas (do simples ao complexo), enquanto desenvolvem-se em direção à maturidade, os astros, como sistemas vivos inorgânicos, seguem também o mesmo processo. De outro lado, um superaglomerado e um aglomerado galáctico são conjuntos de galáxias que, por sua vez, são conjuntos de estrelas. Logo, superaglomerados, aglomerados galácticos e galáxias são meros nomes utilizados para designar quantidades diferentes de estrelas. O que de fato existe são apenas estrelas. Estendendo este raciocínio para o universo como um todo, podemos dizer que, por muitos e mais diferentes que pareçam ser os tipos de seres do universo (micros e macros, simples e complexos, orgânicos e inorgânicos, terrestres e astrais), todos eles, como no caso das galáxias, não passam de partes, etapas do desenvolvimento de um único ser cósmico — o próprio Biocosmos —, cujo desenvolvimento estende-se do quanta ao homem. Sob este prisma, os diferentes seres do universo bem como suas formas particulares são apenas partes de um todo; microformas da macroforma que constitui o corpo vivo do Biocosmos. A inferência desta idéia partiu de dois veios: da observação das formas da natureza do micro ao macrocosmos, e dos fundamentos teóricos das mesmas colhidos na nova matemática da complexidade: a Geometria fractal de Mandelbrot, a teoria holográfica de Gabor, a teoria do cérebro e do universo holográficos de Pribram-Bohm, a teoria do caos e a teoria da Fenomenogenia, ou trajetória típica dos motos fenomênicos, de Pietro Ubaldi. A fim fornecer aos leitores uma idéia do conjunto de teorias científicas que suportam o Biocosmos, estudemos brevemente este grupo de idéias, os quais fundamentam a teoria da unidade cósmica, base da tipologia astral do Biocosmos.
A geometria fractal, criada pelo matemático francês e ex-professor da Universidade de Paris, Benoit de Mandelbrot, debruça-se sobre o estudo das formas aparentemente caóticas da natureza, tais como as escarpas das montanhas, os contornos dos continentes, o formato das árvores, das nuvens, etc. Mandelbrot descobriu que todas estas formas caóticas, na verdade, encobriam uma ordem formal muito simples e matematicamente representável. Em l977 Mandelbrot publicou seu trabalho Fractals. Form, Chance and Dimension, propondo um modo simples e elegante de quantificar as formas irregulares da natureza. Com sua curva fractal, uma entidade matemática de valor numérico regular e preciso, Mandelbrot forneceu aos físicos um método de quantificar coisas nunca antes quantificáveis, descrevendo tais irregularidades com base em um conjunto de entidades matemáticas às quais denominou fractais. Por exemplo: a fractal que descreve a razão com que a curva fractal de uma linha oceânica costeira se deforma é l,2; de um rio sinuoso: 2; superfícies de paisagens: 2,2; dos brônquios: 2,9; dos movimentos em líquidos turbulentos (tipo movimento browniano): 2,55; dos vasos sanguíneos: 3; das superfícies de nuvens: 1.3; das hierarquias dos aglomerados e superaglomerados galácticos: 1,23, e assim por diante. O aspecto notável da geometria fractal é o fato de existir um fio subjacente comum unindo todos os fenômenos da natureza, o qual pode ser descrito por uma relação matemática. Este substrato matemático comum a todos os fenômenos naturais sugere fortemente que o universo foi projetado e está construído em bases matemáticas. Assim, com base na geometria fractal, a inclusão de alguns simples dados numéricos em um computador produz uma imagem incrivelmente semelhante à de uma montanha natural, uma nuvem, uma árvore, ou qualquer uma das diversas formas irregulares do mundo natural. Mandelbrot observou também que a forma total de um conjunto qualquer da natureza é constituída por partes cada vez menores que conservam a forma idêntica do conjunto total. São os Conjuntos de Mandelbrot, estudados no livro Caos. A Criação de Uma Nova Ciência (Editora Campus, l990. Pg. 112), do jornalista científico americano James Gleick. Referindo-se aos conjuntos de Mandelbrot, Gleick escreveu: “Uma viagem pelas escalas cada vez menores mostra a crescente complexidade do conjunto, com seus cabos de hipocampos e moléculas-ilha que se assemelham à totalidade do conjunto.” (James Gleick. Caos. A Criação de uma Nova Ciência. Editora Campus, l990. Pg. 112).
A teoria holográfica, de Denis Gabor, bem como sua aplicação nas teorias do cérebro holográfico, de Pribram, e na teoria do universo holográfico, de Bohm, afirmam um mesmo fato comum: que cada parte — de um holograma, do cérebro e do universo — contém a imagem inteira do todo. Em outros termos: é como se todos os seres do universo fossem isomórficos, tivessem uma mesma e única imagem, distinguindo-se unicamente quanto às suas dimensões, fato que lhes confere aparentes formas distintas.
A teoria do caos e a teoria da Ordem Implícita afirmam que o aparente estado caótico observado no universo é, de fato, mera aparência. A ordem subjaz em tudo. A nova ciência do caos comprovou definitivamente que, sob o aparente caos observado no universo subjaz uma outra espécie de ordem, a ordem não-linear, e, subjacentes aos dois tipos de ordens perceptíveis no universo (linear e não-linear), existe a ordem implícita, expressão suprema do psiquismo intrínseco à Bioenergia, automanifestada na ordem presente em todo o universo. Mais especificamente, na constatação do psiquismo universal (na natureza diretiva inerente das espécies químicas; no instinto das espécies vegetais e animais, e na mente — consciência, razão, criatividade e memória — da espécie humana). Visto que em todos os seres integrantes do cosmos existe psiquismo, conclui-se que, como um macro-organismo vivo, o universo é dotado de uma mente cósmica holotrópica (Cf. A Mente Holotrópica. Stanislav Grof. Editora Rocco, 1999). E se o cosmos possui uma mente, isto nos permite classificá-lo como um macrossistema vivo.
A fenomenogenia ubaldiana. Pietro Ubaldi, em sua obra A Grande Síntese (capítulos 22 a 25. Pgs.75 a 86), realizou um profundo estudo de morfogênese, ao que denominou Fenomenogenia ou trajetória típica dos motos fenomênicos, referindo-se à substancialização formal e estética dos fenômenos da natureza. Naquele estudo, Ubaldi demonstrou como, a partir de uma reta, que se transforma em uma quebrada (conjunto de retas quebradas com vértices salientes), da qual se deriva a espiral, os fenômenos da natureza emergem e se desenvolvem no continuum espaço-tempo. A espiral, para Ubaldi, é a forma e o processo de desenvolvimento básico de todos os fenômenos:
“Ao conceito de ascensão linear, sucede-se aquele de desenvolvimento cíclico... A linha geral do fenômeno toma, assim, o andamento da espiral, que é a linha da gênese planetária, do vórtice sideral das nebulosas... A espiral é aqui expressão mais intuitiva do que a reta, porque, sendo uma derivação da circunferência, exprime com maior evidência a marcha cíclica do fenômeno e a trajetória típica de seu progresso, dado por desenvolvimentos e retornos periódicos... Aos segmentos ascendentes e descendentes da quebrada, substitui-se, como expressão mais dinâmica, o movimento do abrir-se e fechar-se da espiral... A lei do desenvolvimento da trajetória típica dos motos fenomênicos [eventos dinâmicos; os seres danatureza], é expressa por esta espiral, sujeita a um ritmo de pulsações que continuamente se invertem, se abrem e se fecham, se desenvolvem e se evolvem. É como num íntimo respiro. E o resultado final deste contínuo retorno sobre si mesmo é uma progressão constante. Este é o produto último deste profundo trabalho íntimo de todo o sistema... Eis-nos assim chegados a uma síntese mais ampla do fenômeno: a síntese cíclica, expressa por uma espiral que se desenvolve com progressão constante.”(Pietro Ubaldi. A Grande Síntese. FUNDÁPU, 1979. Pg. 75 a 86 )
Como vemos a espiral é realmente uma forma especial da natureza, e está intimamente relacionada com a origem e o desenvolvimento natural dos fenômenos em geral. E por ser assim, o Biocosmos anteviu nela a forma-padrão de criação inicial de todos os fenômenos da natureza, do micro ao macrocosmos. Mais ainda: viu na espiral a holoforma explícita (física) e a holoforma implícita (transfísica) do universo em sua totalidade. E, já que uma tal holoforma implícita pode ser plausivelmente concebida, pode-se também falar em geometria explícita (plana, espacial e fractal, a geometria das partes) e em uma geometria implícita (ou virtual, a geometria da totalidade). Devemos salientar que a concepção da geometria implícita resultou de um mero desdobramento da teoria da Ordem Implícita, de Bohm.
A geometria implícita. Sendo o universo um macrossistema vivo ele deve possuir uma forma, podendo-se indagar qual seria esta forma. O Biocosmos propõe a existência de uma forma única e comum para todos os seres, e para o universo como um todo, e que esta forma é a espiral esférica. A forma do átomo e do universo é uma esfera espiralada. Rutheford propôs que os átomos tinham a forma de um micro sistema planetário. Alguns deduziram daí que o universo poderia se assemelhar a um sistema planetário. O físico David Bohm (1917-1992), em sua teoria quântica desdobrada, afirma que o universo é um holograma gerado pela mente. Entretanto, Bohm não definiu a forma do tal holograma. Watson e Crick propuseram que o DNA tinha a forma de uma dupla hélice torcida. Enfim, físicos, biólogos e astrônomos sempre descreveram as formas singulares e diversas de seus objetos de estudo, mas jamais se questionaram quanto à existência de uma forma única e comum subjacente a todos os seres. O bioquímico Rupert Sheldrake propôs em sua teoria da causação formativa a existência de campos morfogenéticos (semelhantes aos campos elétricos e magnéticos) que seriam responsáveis pelas formas individuais dos sistemas vivos. A partir da teoria dos campos morfogenéticos (que atribui as formas ao código genético. Portanto, uma explicação materialista para a origem das formas biológicas), o Biocosmos inferiu a existência de uma forma única e comum para todos os seres do universo: uma holoforma implícita cósmica, podendo-se, então, falar emgeometria implícita ou virtual. A Geometria Implícita trata de questões relativas à origem implícita das formas explícitas, como sendo decorrentes de uma única forma básica essencial: a esfera espiralada. A esfera espiralada está na base de todas as formas do universo. De modo distinto das geometrias plana, espacial e fractal, que se referem às formas aparentes dos seres materiais em suas individualidades, a geometria implícita trata da holoforma essencial, a origem e o substrato comum de todas as formas, e propõe que todas as formas individualizadas são assim apenas aparentemente, mas fundamentalmente são determinadas e mantidas por um campo mórfico universal, uma espécie de holoforma virtual muito simples, baseada no círculo e na reta que, unidos, produzem a espiral: a forma básica da natureza.
Os campos morfobioquânticos. Com base na geometria implícita o Biocosmos propõe a presença de uma forma essencial única para o átomo, para o sistema solar e para o cosmos: a espiral esférica. Como o átomo e o universo são fenômenos quânticos instáveis (estrututras dissipativas, a teoria do Nobel Ilya Prigogine) suas formas são naturalmente instáveis, dinâmicas, em contínua renovação cíclica. De outro lado, estudada atentamente, a espiral esférica é uma forma que representa a matéria, o espaço e o tempo, unificados;
A idéia dos campos morfobioquânticos relaciona-se à origem das formas dos sistemas vivos, uma resposta para a qual a biologia ainda não possui uma resposta. Na teoria do Biocosmos sugerimos os campos morfobioquânticos como explicação para a origem das formas em geral, do quanta ao cosmos. Os campos morfobioquânticos propõem-se a responder à seguintes perguntas: 1. O que determina as formas dos sistemas vivos? 2. O que mantém a sua coesão interna? Isto é, se os sistemas vivos são constituídos de átomos e moléculas separadas entre si por vazios intraatômicos e intramoleculares, porque os átomos e moléculas não se dispersam?
Para melhor explicar os campos morfobioquânticos imaginemos primeiramente que eles não são energéticos nem eletromagnéticos; não são físicos. São pré-energéticos. São quânticos, constituídos de puro dinamismo, realidade entendida como sendo o substrato dinâmico/vivo (uma espécie de oceano infinito e invisível de dinamismo puro (ou de Bioenergia, para facilitar a compreensão) que está concentrada na estrutura física do todo, subjaz no todo, move e conserva o todo. Pode-se conceber o puro dinamismo como sendo a própria vida (que se caracteriza por ser dinâmica). Agora façamos uma analogia a fim de “vicsualizar” um campo morfobioquântico. Imagine que você está completamente imerso, passeando no fundo. De repente você observa um espaço vazio abrindo-se na água. Em seguida você observa aquele espaço vazio sendo preenchido por água congelada, adquirindo a forma de um golfinho. E você vê o golfinho de água congelada desprender se do oaceano, como que individualizando-se, e sair nadando na água. O espaço vazio é pura água, o golfinho é pura água e o ambiente onde o golfinho nada é também pura água. As partes e o todo são um. Agora troque a palavra água pela palavra quanta (entendida como uma realidade dinâmica, pré-energética, puro dinamismo). Assim, em vez de um oceano de água tem-se um “oceano” de quanta, um “oceano” quântico; um todo quântico e vivo auto-exstente e pré-existente a tudo. Agora admita que as partículas, os átomos, as moléculas, as células, os órgãos, os vegetais, os animais e os homens formaram-se, cada um individualmente, dentro de um campo morfobioquântico específico que lhe determina a forma atuando simultaneamente de dentro para fora (em cada parte) e de fora para dentro no todo. E temos cada parte de cada ser individualmente existindo dentro de um campo morfobioquântico feito de puro dinamismo, e é o próprio puro dinamismo que mantém a coesão de suas partes e a existência do todo pelo influxo contínuo de puro dinamismo. Estenda essa imagem para o cosmos, e você poderá “visualizar” o próprio universo como sendo feito de puro dinamismo e existindo dentro de um campo morfobioquântico. Assim, o puro dinamismo (o Ser Bioquântico Original) está na essência, na forma, na concretude, e atuando onipresente na perpetuação do todo. Tudo o que existe é feito de puro dinamismo, existe dentro de um campo feito de puro dinamismo e é mantido pelo puro dinamismo.
A teoria dos campos morfobioquânticos derrubam a força da gravidade como hipótese explicativa da coesão e do movimento dos astros, pois os astros (assim como as partes do planeta Terra) são as partes de um todo existente dentro de um campo morfobioquântico uno e coeso. Assim como não se pode dizer que as partes do nosso corpo são mantidas e movidas pela atração/força gravitacional também não se pode dizer que os astros são mantidos coesos pela atração/força gravitacional. Mesmo proque o sol não exerce nenhum poder atrativo sobre os planetas. Será?
A física ortodoxa nos diz que o magnetismo (atração, força da gravidade) é a propriedade que tem um corpo de atrair outro; é uma propriedade atrativa da matéria. E o desaparecimento das propriedades atrativo-magnéticas da matéria decorre de um estado de hipertemperatura (= hiperatividade) em que o ordenamento dos átomos se desfaz. Este fenômeno foi comfirmado em laboratório pelo químico francês Pierre Curie (1859-1906). Ele descobriu que existe uma temperatura acima da qual as propriedades magnéticas (atrativas) dos corpos desaparecem. O fenômeno recebeu o nome de Ponto de Curie, outemperatura de Curie. A enciclopédia Ciência Ilustrada descreveu o fenômeno nos seguintes termos:
“Os fenômenos magnéticos na matéria, em última análise, representam uma conseqüência direta do comportamento de seus constituintes — os átomos. E tais fenômenos somente ocorrem dentro de uma determinada faixa de temperaturas, própria de cada material. Efetivamente, o magnetismo está intimamente associado ao alinhamento dos campos magnéticos produzidos pelos elétrons em seu movimento, e, à medida que a temperatura cresce, a agitação dos átomos é progressivamente maior, crescendo igualmente a ‘rebeldia’ a uma orientação. A partir de certo valor de temperatura, todas as propriedades magnéticas são destruídas: é a temperatura de Curie, na qual os átomos vibram por demais fortemente para se submeterem a qualquer orientação.” (Enciclopédia Ciência Ilustrada. Magnetismo na Matéria. Abril Cultural-1971.Vol. 6. Pg. 2525)
Ora, as temperaturas no interior do sol ultrapassam os 15 milhões de graus Celsius, e na coroa solar as temperaturas chegam aos 6 milhões de graus Celsius. Nenhum corpo material pode manter suas propriedades atrativas com tais temperaturas. Sendo assim, o sol não exerce nenhum poder atrativo sobre os planetas. Além disso, o sol não existe em nenhum estado físico da matéria (sólido, líquido e gasoso), mas é feito de plasma, partículas livres. Como a gravidade é uma propriedade intrínseca da matéria (misteriosa, para os físicos), não há força atrativa no sol. Portanto, a teoria dos campos morfobioquanticos,. Que se aplica das partículas ao cosmos pode explicar o porquê da coesão dos astros do sistema solar sem a necessidade da hipótese da força gravitacional. Para aqueles que conhecem a importÂncia e a influência da força gravitacional na física e na astrofísica, a queda da teoria da gravitação representa um réquiem para o materialismo. Mas isto é uma outra história.
Em resumo, um campo morfobioquântico e uma estrutura biodinâmica interna una e única onipresente e continuamente atuante em todos os seres inorgânicos e orgânicos — como um fluxo contínuo de energia —, e é o fator responsável pela determinação das formas particulares das partes e do todo, bem como pela conservação das mesmas (assim como a forma de um gêiser resulta do influxo contínuo da água subterrânea também a forma dos seres inorgânicos e orgânicos resultam de um contínuo influxo de puro dinamismo, que está continuamente convertendo-se em quanta, partículas e átomos). As formas particulares dos diversos seres são imagens individuais ampliadas da forma cósmica implícita do cosmos. Assim, os quanta, as partículas, os átomos, os náutilos, os furacões, estrelas e galáxias (o micro, o midi e o macrocosmos), todos existem fundamentados e suportados pelo macrocampo morfobioquântico da geometria implícita, que é representado por uma única forma — a esfera espiralada (tridimensional), ao contrário das geometrias plana, espacial e fractal, representadas pormúltiplas formas. Alías, a idéia de uma forma única para os astros pode ser inferida da observação astronômica, como se pode ver no texto a seguir, extraído doCurso de Astronomia:
“Além dos limites do sistema galáctico Local, a uma grande distância, existem outros sistemas que se assemelham ao nosso. Esses sistemas são numerosos. Com os telescópios óticos, é possível estudar a estrutura dos mais próximos, e pode-se ver que a maior parte deles se assemelha. Seu aspecto característico consiste em um núcleo central claro, de contornos esmaecidos, do qual se destacam espirais luminosas, contendo estrelas, poeira e hidrogênio. E essas nebulosas estão em rotação.” (Enciclopédia Ciência Ilustrada. Editora Abril Cultural. Vol. I. Pgp. 339).
8. Biocosmos: universo finito e infinito
Para o Biocosmos, com base na geometria implícita, a forma holográfica do universo é uma espiral esférica (um holograma esférico-espiralado). Espiral, porque o universo nasce e é realimentado continuamente a partir do continuum panergético em que se acha imerso; esférico, porque o universo é curvo, finito e semi-fechado, embora suas “fronteiras” sejam determinadas pela densidade de suas regiões mais longínquas e rarefeitas (fronteira de densidade, segundo o Biocosmos). A Observação astronômica demonstrou que, partindo da Terra, a densidade do universo decresce à medida em que se distancia. O Biocosmos interpretou esse fato afirmando que a densidade decresce até diluir-se completamente, retornando às formas de movimento puro e imergindo no oceano infinito de puro dinamismo do qual emergiu O astrofísico Hubert Reeves confirma a finitude do universo (da qual deduzimos a fronteira de densidade) em seu livro Um Pouco Mais de Azul:
“Um balão se expande no espaço que o circunda. Mas o universo compreende tudo o que existe. Para onde mais ele poderia se expandir? Toda a esperança de certezas a esse respeito [uma fronteira física] é anulada por um horizonte intransponível... Com a ajuda de telescópios cada vez mais potentes poderíamos ver corpos celestes, deslizando a 90%, 95% e até a 99% da velocidade da luz. Ora, um raio luminoso emitido por um núcleo que se desloca tão rapidamente, perde praticamente toda sua energia. Esgota-se como um corredor que corre sobre um tapete rolante em movimento contrário. Não se podem mais obter informacões nem imagens com esta luz. Resultado: além de certa distância nada mais se “vê.” E a construção de telescópios mais potentes em nada mudará isto. Não se trata de um problema técnico, mas de um problema de física. Podemos falar, portanto, em um ‘horizonte’ [uma fronteira]...”(Hubert Reeves. Um Pouco Mais de Azul. Editora Martins Fontes, Págs..21-22).
A física quântica, de acordo com os gnósticos de Princeton, e com os físicos contemporâneos David Bohm e Fritjof Capra, entre outros, admite a realidade de uma dimensão transfísica no universo. Logo, é plausível supor a existência de um universo implícito com uma geometria implícita. De uma perspectiva mística, o universo implícito poderia corresponder ao universo frenológico (do gr. phréin = espírito), o qual, segundo as principais tradições místicas, possui imagem idêntica à imagem do universo físico, distinguindo-se deste unicamente em sua frequência e natureza fundamental. O universo implícito seria constituído por um tipo mais sutil de energia, o pelo puro dinamismo em si. Essa energia sutil seria a “substância” fundamental da qual se constitui o psiquismo universal. Quanto à existência do psiquismo e ao fato de a ciência ainda desconhecer sua natureza, não restam quaisquer dúvidas. O universo implícito, obviamente, possui seu próprio espaço: o espaço implícito é o ambiente real do universo implícito, e distingue-se do espaço cibernético, o ciberespaço, que nada mais é do que imagens eletrônicas pertencentes ao universo físico, e semelhantes aos hologramas.
9. O Biocosmos e a teoria da Perfeição das Espécies
Os fenômenos e seres do universo não evoluíram-se a si mesmos ao acaso (entendendo-se por evolução o processo, segundo o qual, seres inferiores menos perfeitos se autotransformaram por si mesmos em seres superiores mais perfeitos, adaptando-se às necessidades e às variações circunstanciais do ambiente externo). Assim, como contraproposta à teoria da evolução, o Biocosmos propõe a teoria do desenvolvimento da perfeição potencial das espécies — a Perfeição das Espécies —, na qual todas as espécies (químicas, vegetais, animais, humana e astrais) já trazem em si, psicogeneticamente programado e latente, seu potencial de perfeição; surgem já potencialmente perfeitas em suas individualidades (como a semente que já traz potencialmente em si a árvore perfeita em que se transformará). Não existe pós-adaptação, mas pré-adaptação, pois, obedecendo ao comando profundo da Bioenergia as espécies já surgem geneticamente pré-adaptadas ao seu habitat natural, do qual jamais deveriam ser retiradas ou transladadas para outros habitats, pois isto representa uma violação, uma quebra ou um desequilíbrio induzido nas correntes biosféricas locais, com imprevisíveis efeitos locais e globais. Nestes termos, as espécies não são inferiores ou superiores umas às outras, ou mais ou menos perfeitas que outras. Cada espécie é perfeita em sua individualidade e função; foi perfeitamente programada e criada para exercer uma função específica e ocupar uma posição definida na corrente biosférica, no organismo biocósmico, do mesmo modo que cada célula e cada órgão do corpo humano. Não existe uma cadeia evolutiva, mas uma corrente biosférica, pois as espécies não evoluíram; elas simplesmente desenvolveram sua perfeição potencial. Esse processo não se deu ao acaso, por seleção natural (a seleção natural relaciona-se com o momento da caça e com a manutenção e perpetuação, e não com a origem das espécies em si), mas deu-se de modo previamente planejado por transgenia natural (de modo semelhante à clonagem artificial — alteração genética feita de forma programada pela engenharia genética), e assim como a clonagem artificial exige um planejamento intelectualmente dirigido de fora para dentro — clonagem exodiretiva artificial —, que re-arranja geneticamente algumas características de certas espécies vegetais e animais, visando sua “otimização” programada e sua reintrodução no ecossistema, também a clonagem endodiretiva natural exige planejamento intelectual, haja vista a ordem e o funcionamento perfeito e preciso do universo. Isto evidentemente pressupõe a presença imprescindível de uma forma de pré-inteligência que programou a criação das espécie por transgenia natural. Esta proposta teórica do paradigma biocósmico sobre à origem das espécies orgânicas aplica-se também à origem das espécies químicas e das espécies astrais (os astros). Todas as espécies estão interligadas a nível manifesto (são partes de um mesmo biossistema) e a nível essencial (são porções concentradas de Bioenergia; pedaços do mesmo tecido bioquântico que constitui o universo). Análogamente, seria como olhar para um oceano ilimitado e esférico contendo miríades de pequenas esferas de água congelada. Em essência, ambos, água e gelo, são constituídos por átomos de oxigênio e hidrogênio, moléculas de água, apesar de seus diferentes estados manifestos aparentes.
A teoria da Perfeição das Espécies intui uma idéia surpreendente: o fato de que todas as características internas e externas do planeta Terra e das espécies pré-existiram e pré-existem na essência da Bioenergia. Assim, um comando profundo intrínseco à Bioenergia leva-a a autotransformar-se nos variados sistemas vivos, na própria corrente biosférica, e cuja automanifestação inicia no átomo (positivo e negativo) e atinge a complexidade máxima no homem (masculino e feminino). Isto significa que, em todo e qualquer lugar do planeta Terra a Bioenergia autotransformou-se na corrente biosférica, de modo intradirigido. Esta idéia, aqui denominada teoria da Biopoiese (vida autocriada, onde a origem da vida é a própria energia viva, a Bioenergia) pressupõe que a Bioenergia contém em si todas as informações psicogenéticas suficientes para se autotransmutar gradativamente em todas as espécies da corrente biosférica (do átomo ao homem), mediante a presença dos elementos vitais imprescindíveis para tanto: luz, temperatura, água, ar, pressão, densidade, etc. Em outros termos: as espécies emergem alí mesmo em seu habitat natural. Se houver luz desenvolver-se-ão os olhos; se houver baixa temperatura, desenvolver-se-á sangue frio e um revestimento protetor, etc. E assim sucessivamente em relação a todas as características externas e internas dos sistemas vivos, incluindo o próprio planeta como um todo vivo: o Ser Terra.
A teoria da Biopoiese é uma teoria neovitalista bioquântica (baseada na física quântica e na biologia molecular). Não preconiza a existência de uma entidade criadora extrafísica, e afirma que a própria energia (que constitui a natureza fundamental dos sistemas vivos) é viva e se autotransformou nos sistemas vivos, podendo-se falar em uma Bioenergia. Essa concepção neovitalista da vida fundamenta-se nas três concepções que a antecederam: a concepção vitalista (baseada na afirmação de uma entidade extrafísica criadora dos sistemas vivos), a concepção mecanicista (baseada na afirmação de fatores puramente físico-químicos atuantes nos níveis celular e molecular) e na concepção organísmica (que preconiza os padrões de rede, sistemas e auto-organização como responsáveis pela autocriação e automanutenção dos sistemas vivos). A teoria da Biopoiese será estudada integralmente em nosso trabalho A Perfeição das Espécies.
10. O perfeicionismo e as teorias da pré-adaptação e da retromutação
A teoria darwinista e neodarwinista da evolução pressupõe a pós-adaptação. Por exemplo: um grupo de peixes penetrou numa caverna completamente escura. Não conseguindo sair, seus descendentes nasceram sem olhos. Isto é, houve uma pós-adaptação. Estudada atentamente esta idéia, além de não explicar a origem primária das espécies (pois transfere-a para um outro lugar fora da caverna), admite a lei lamarkiana do uso e desuso (já completamente desacreditada e alijada pela ciência). A teoria da Perfeição das Espécies explica o porquê do afloramento espontâneo da vida, de espécies semelhantes e do homem em todos os continentes (fato que, obviamente, descarta a Pangéia e a deriva dos continentes). Ao mesmo tempo fortalece a hipótese autóctone da origem das espécies e do homem. De outro lado, a teoria da Perfeição das Espécies se mantém mesmo admitindo-se a hipótese da Pangéia (o único supercontinente que teria se dividido), pois a vida, as espécies e o homem — a corrente biosférica —, teriam surgido alí como resultado da automanifestação e autotransmutação da Bioenergia, espalhando-se pelo planeta à medida em que este se divida. Outrossim, a teoria da origem química da vida (Oparin-Haldane / Miller-Urey-Fox), como até mesmo alguns pontos da teoria da evolução fortalecem a Perfeição das Espécies.
Retromutação. O perfeicionismo emprega o termo retromutação para referir-se às mutações genéticas ocasionadas por agentes externos (substâncias químicas), absorvidos do exterior pelos organismos, e que provocam disfunções genéticas e conseqüentes deformações físicas e hereditárias nas espécies. Mutação genética original, no contexto do perfeicionismo, foi o fenômeno ocorrido uma única vez, por ocasião da criação primária das espécies, e caracteriza-se por ser uma alteração genética inteligente, seletiva e endodiretiva (ocorrida de dentro para fora). Mutação genética original é o mesmo quetransgenia natural original, que sempre ocorre no sentido ascendente e de modo a complementar a corrente biosférica (expressão perfeicionista substituta paracadeia evolutiva).
11. A teoria da oogênese: o ovo na origem da vida
Quanto à biodiversidade e ao mecanismo através do qual as espécies se originaram, o perfeicionismo propõe a teoria da oogênese (do gr. oón = ovo + génesis = origens). A oogênese fundamenta-se no fato de que todos os sistemas vivos orgânicos originam-se a partir de um ovo, uma célula primária (note-se bem: uma célula primária; não, primordial). Um ovo mutante alterado por clonagem endodiretiva natural. Assim, as diferentes espécies foram criadas dentro da espécie precedente a partir de um de seus ovos, inclusive as espécies vegetais (a oosfera é uma área da Botânica que estuda as sementes como uma espécie de “ovo” vegetal). As espécies nasceram umas a partir das outras cada qual segundo sua espécie individualizada e já potencialmente perfeitas para ocupar sua posição e exercer sua função na corrente biosférica. Dizer que as espécies foram criadas gradativamente, umas dentro e a partir das outras (de modo endodiretivo — de dentro para fora) a partir de um ovo mutante da espécie precedente (mais próxima geneticcamente) por transgenia natural e já potencialmente perfeitas (pré-adaptadas) para ocupar uma posição e exercer uma função específica dentro de seu habitat/ecossistema, é diferente de dizer que espécies inferiores e imperfeitas (inadaptadas) se transformaram umas nas outras por si mesmas, ao acaso, pós-adaptando-se gradualmente por seleção natural das mais aptas a sobreviver, mediante “acidentes” que deram certo, escapando da cegueira do acaso e de suas mutações aleatórias (retromutações ). Seguramente, para alguns, a diferença parecerá irrelevante; para outros, sutil e fundamental, pois em sua sutileza a teoria da oogênese contribui de modo decisivo para solucionar o longo conflito entre criacionismo e evolucionismo. Cabe ressaltar que as idéias aqui discutidas no tocante à origem das espécies não representam uma crítica ao darwinismo, mas a primeira contraproposta teórica completa para o darwinismo desde a publicação de A Origem das Espécies, em l859, 153 anos atrás.
Falando da origem das espécies dizemos que as espécies foram criadas por transgenia natural endodiretiva, das mais simples às mais complexas, a partir de um ovo mutante da espécie precedente. Falando da origem da vida, dizemos que, inicialmente, foi criada uma célula orgânica primordial para cada reino (vegetal: algas — uma semente; animal: bactérias; uma célula, um “ovo” primordial) a partir de substâncias inorgânicas separadas do meio circundante por uma película ou uma membrana (pode-se admitir os coacervados de Oparin, e as proteinóides, de Fox, como exemplos). Em seguida, por um processo idêntico ao que ocorre atualmente com as aves, a membrana que inicialmente revestia os ovos primordiais solidificou-se. Assim, pode ter sido criado o primeiro par primordial de ovos, do qual nasceu o primeiro par de sistemas vivos orgânicos pluricelulares. A partir, e no interior do qual, foi criado o novo par de ovos mutantes (macho e fêmea) da próxima espécie, e assim sucessivamente, até o símio e o homem. Um par de ovos (masculino e feminino) para cada espécie. Assim, as espécies foram criadas cada qual segundo sua espécie e os pares foram atraídos um para o outro pela afinidade de suas naturezas inatas (macho-fêmea, leão-leoa) a fim de que se multiplicassem. Criada a espécie primária (o vegetal, o peixe, a ave, o réptil, o animal, o homem), pequenas clonagens naturais originaram a diversidade no seio daquela espécie. Segundo o Biocosmos, um processo idêntico deu origem à diversidade nas demais espécies, inclusive no homem (ocasionando as etnias). Naturalmente, um tal processo não pode ser inteiramente explanado em tão poucas palavras. O texto integral, contendo a teoria do desenvolvimento da perfeição potencial das espécies, como também a biologia quântica — a bioquântica —, foi produzido ao longo de 18 anos, simultaneamente à elaboração do Biocosmos, e consta do livro A Perfeição das Espécies. A origem das espécies por transgenianatural e cooperação simbiótica.
12. Bioquântica. A crítica da biologia clássica
Classificando os sistemas vivos em dois tipos: orgânicos (carbonados) e inorgânicos (não-carbonados), o Biocosmos define ambos como sistemas vivos, uma vez que, a nível quântico e subatômico, ambos são constituídos por uma mesma substância fundamental, a Bioenergia, além de apresentarem as características básicas intrínsecas que identificam os sistemas vivos, segundo a Biologia quântica: atividade, sensibilidade, psiquismo e volitividade (os elementos constituintes da Bioenergia — o Ser Bioquântico). Para demonstrar essa possibilidade, o modelo do Biocosmos desenvolveu uma nova perspectiva biológica — a Bioquânticaou Biologia quântica —, que transcende a Biologia clássica (baseada na física clássica), fundamentando-se na física quântica. Esta idéia pode ser demonstrada logicamente pelo simples fato de existir atividade, emoção, inteligência e vontade claramente perceptíveis no universo conhecido, do micro ao macrocosmo, o qual é inteira e essencialmente constituído de energia, e sabe-se que, sob a aparente diversidade das espécies subjaz a unidade — a Totalidade. Portanto, todos os seres constituem partes do mesmo tecido vivo bioenergético que constitui o universo. Este argumento foi ratificado pelo bioquímico e Prêmio Nobel Ilya Prigogine, quando descartou a possibilidade de coexistirem em um mesmo substrato comum duas realidades de naturezas distintas: uma mecânica e outra orgânica. Ou a Totalidade é mecânica ou orgânica. Os avanços da Biofísica, da Bioquímica e da Biologia molecular apontam na direção de um universo de natureza orgânica, sistêmica, holística e transfísica. Este é o ponto de vista adotado pelo modelo do Biocosmos em sua perspectiva biológica — a bioquântica. Um raciocínio semelhante, bem como seus fundamentos científicos, podem ser estendidos para o universo como um todo.
13. Sol vivo, Sol eterno: O “coração” atômico
Em sua teoria solar, o Biocosmos não considera o Sol como uma estrela comum do tipo espectral G2 (como o faz a astronomia convencional). Para o Biocosmos, o Sol é o núcleo térmico do sistema planetário terrestre e centro físico vital à perpetuação do mesmo. Sua formação deu-se por concentração de energia (redução de freqüência e estabilização dinâmica), que dá nascimento às partículas, e por bioadição (o processo que dá origem aos sistemas vivos orgânicos) a partir de um nascedouro (vórtice dinâmico, ou uma singularidade), formado no tecido holodinâmico do universo. Em seu interior está ocorrendo a contínua concentração de Bioenergia, originando radiações e novas partículas, as quais dão origem a novos átomos leves e pesados por condensação atômica. Este processo é perpétuo. O Sol não é uma estrela comum com 5 bilhões de anos de idade e que morrerá dentro de mais 5 ou 7 bilhões de anos, após a “queima” do combustível que lhe resta. Os novos átomos são produzidos no Sol e nos demais corpos astrais a partir de seus vórtices nucleares com a função de realimentar o sistema, repor e compensar a irradiação e a desintegração dos “velhos” átomos pesados (saturados) que retornam ao estado bioenergético original por radioatividade. Desse modo, a massa do Sol se mantém constante, o mesmo ocorrendo ao universo (para o Biocosmos a idéia de um universo perpétuo e em equilíbrio massivo, pelo processo criação-desintegração, além de possuir fundamentos na física quântica, está de acordo com o I princípio da Termodinâmica clássica, a lei da conservação da energia). A produção e a “queima” (seria melhor dizer: condensação) contínua de novos átomos, por concentração energética e fusão nuclear, Para cada espécie, conserva sua massa constante, eternizando-o juntamente com todo o sistema planetário que mantém vitalizado. Como já ficou demonstrado, o Sol pulsa “regularmente” e cada ciclo de sua pulsação demora cerca de 11 anos. Quando se contrai, surgem as manchas solares constituídas por átomos pesados e mais frios, que são ejectados, permeando e realimentando todo o sistema planetário (por isso, os períodos de manchas são mais frios). Por sua posição e importância vital no sistema terrestre, bem como pela importância e características singulares do planeta Terra, esta teoria do Sol Eterno, proposta pelo Biocosmos, pode contribuir para solucionar a atual crise por que passam as teorias solares convencionais (as hipóteses do Sol não-vivo e temporário).
Nestes termos, o modelo do Biocosmos, com base no princípio antrópico (a Terra é um corpo especial no universo) e nas lacunas e problemas das teorias solares atuais, propõe sua teoria do Sol Eterno, segundo a qual, o Sol foi criado por bioadição e, devido à constante atividade de seu vórtice nuclear, que continuamente cria radiações, novas partículas e novos átomos de hidrogênio, é perpétuo, pulsa e é, de fato, um sistema vivo inorgânico.
14. O Biocosmos, a ufologia e os extraterrestres
Para o Biocosmos os fenômenos ufológicos e os supostos seres extraterrestres têm uma explicação também não-convencional, uma vez que o modelo do Biocosmos é um corpo unificado de idéias afins, holísticas e orgânicas. Neste contexto, os fenômenos ufológicos recebem também uma interpretação de natureza bioquântica. Sendo a Bioterra uma parte do universo, e sendo o universo um organismo vivo, à semelhança do organismo humano, o corpo do universo deverá possuir apenas um ponto através do qual a vida orgânica pode se multiplicar. No organismo humano o útero exerce essa função. No organismo cósmico essa função é exercida pelo Ser Terra, que funciona como o “útero” do Biocosmos (isto justifica a expressão Mãe-Terra, tão presente no pensamento histórico da humanidade). De acordo com o modelo do Biocosmos, a Terra não apenas ocupa uma posição especial no universo, mas também exerce uma função singularíssima: somente na Terra e por meio dela as formas de vida carbonadas podem existir e se perpetuar (até que se prove cientificamente o contrário).
Quanto à questão da existência de formas de vida extraterrestres, uma vez que a astronomia jamais comprovou sua realidade (estando a questão ainda em nível de especulação, apesar dos constantes anúncios sensacionalistas dos ufólogos e dos exobiólogos), o modelo do Biocosmos adota a visão do pesquisador francês Jacques Valèe, que, após décadas exaustivas de estudos e pesquisas dos chamados fenômenos ufológicos, sob o patrocínio do governo francês, concluiu que, por apresentarem comportamentos incompatíveis com a realidade física conhecida das ciências naturais, os ufos são fenômenos extrafísicos. Eles “violam” todas as leis da Física. Em outros termos: são fenômenos transfísicos ou frenológicos (do gr. phrém = espírito + lógos = estudo; no contexto do Biocosmos a Frenologia é o estudo do espírito).
15. Ufologia: a dimensão místico-psicológica
Como o psicólogo Carl G. Jung, que classificou a Ufologia como um mito moderno, o Biocosmos apresenta uma nova interpretação e uma nova dimensão do fenômeno: a dimensão psicológica, apontando-o também como fruto da ansiedade humana diante da profunda frustração decorrente da falência das ideologias materialistas e dos sistemas sociais por elas propostos (enquanto ideologias e ideais pseudo-místicos, portanto, incapazes de satisfazer verdadeiramente a natureza mística dos seres humanos). Assim, algumas manifestações dos fenômenos ufológicos, tais como: a busca de uma supercivilização justa e pacífica (projeção do ideal da humanidade perfeita e da sociedade perfeita), a busca por alguma forma de auxílio superior para os problemas humanos (a esperança de auxílio divino através do Messias), ou ainda, a busca de algum contato com seres extraterrestres superiores (anjos e santos), são projeções psicológicas ocasionadas pela ansiedade.
A análise revelou que os ideais dos adeptos da ufologia (que atualmente descerrou o véu que ocultava sua natureza mística, revelando-se um movimento místico), assemelham-se sobremaneira aos ideais das tradições místicas, sobretudo, do Cristianismo. Como se sabe, a Mística afirma a ocorrência de um acontecimento primevo que ocasionou a alienação homem-Deus (reafirmado pela Psicologia, especialmente na Psicanálise freudiana e na Logoterapia, de Victor Emil Frankl). Por sua vez, a ciência fala de uma “Idade de Ouro”, uma época em que a humanidade viveu em paz e feliz, mas que declinou e desapareceu em virtude de algum problema desconhecido, prometendo uma nova “Idade de Ouro” por meio do desenvolvimento tecnológico. Tais narrativas têm sido constantemente recontadas ao longo da história humana por diferentes povos em diferentes épocas e locais, permanecendo como um arquétipo na psique da humanidade. Assim, aqueles acontecimentos primevos alienaram o homem de Deus e do mundo espiritual (universo implícito ou virtual), impedindo a realização da sociedade perfeita. Essa frustração, porém, não eliminou os anseios do espírito humano. Eles permanecem vivos e atuais. Desse modo, o sonho de uma civilização perfeita, a busca de auxílio superior divino e a busca por contatos extraterrestres da ufologia, nada mais representam que recorrências àqueles antigos e profundos anseios humanos básicos; algo como “reminiscências emocionais” que, avivadas pela intensidade da ansiedade, projetam-se psicologicamente sob a forma de miragens (como o sedento que “vê” um oásis no deserto, um náufrago que “vê” uma ilha, ou um amante que “vê” sua amada). Em síntese: o modelo do Biocosmos não nega a realidade dos fenômenos ufológicos, mas classifica-os como fenômenos frenológicos e fenômenos psicológicos.
16. Vida Extraterrestre versus Vida Cósmica Essencial
Quanto à existência de vida extraterrestre (em outros planetas, ou espalhada por todo o universo), o modelo do Biocosmos rejeita essa possibilidade, admitindo em seu lugar a realidade da vida cósmica essencial. Uma vez que o universo é uma automanifestação da Bioenergia, pode-se dizer que existe vida intrínseca em todo o universo; do micro ao macrocosmos.
17. Ciência Ortodoxa e Ciência Heterodoxa
Por fim caberia uma citação do livro Forbidden Science: Suppressed Research That Could Change Our Lives (Ciência Proibida: Pesquisas Suprimidas que poderiam Mudar Nossas vidas) do jornalista científico americano, Richard Milton, onde este critica o modo como a ciência ortodoxa tem ignorado e condenado as teorias heterodoxas ao longo da história. Entre outros equívocos escandalosos, Milton cita o desprezo, o escárnio e o desdém com que a ciência ortodoxa, através da revista Scientific American, tratou os irmãos Wilbur e Orville Wrigth quando estes anunciaram haver feito voar uma máquina mais pesada que o ar, apesar de “dezenas de demonstrações públicas, atestados de dignatários locais e fotografias.” A façanha dos irmãos Wrigth era considerada “cientificamente impossível”, por isso suas evidências foram ignoradas e ridicularizadas. Milton fala ainda das repetidas e fracassadas vezes que Charles Parson (l854-l931) tentou convencer o almirantado de que sua turbina a vapor podia mover os navios. Entre outros equívocos grassos, por mero desdém e prepotência, a ciência ortodoxa rejeitou o telégrafo, as quilhas de aço e até a lâmpada elétrica de Thomas Alva Edison (l847-l931). Edison já era um inventor famoso à época em que inventou a lâmpada de filamentos de alta resistência. Entretanto, quando realizou uma demonstração pública da utilidade de seu invento, nenhum cientista “oficial” da época foi assistí-la. O químico Henry Morton, que residia nas proximidades da rua onde fora realizada a demonstração, escreveu que se sentia compelido a protestar “em nome da verdadeira ciência” que as experiências de Edison eram “um fracasso conspícuo, alardeado como sucesso.” Comentando o livro de Milton na revista New Scientist, Harry Collins, diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Bath, escreveu :
“Muitos exemplos de ciência e tecnologia bem-sucedida, como a luz elétrica e a turbina a vapor, foram recebidos com desprezo. É possível que boa parte daquilo que desprezamos hoje seja igualmente valioso. (...) É possível que a ciência moderna, grande e burocrática, tenha ido longe demais na expulsão das heterodoxias esdrúxulas. Talvez os “guardiões” da ciência e os editores de periódicos científicos prestigiosos exibam um excesso de fervor crucificador. (...) As exigências de que a ciência seja útil e aplicável a curto prazo têm o potencial de serem tremendamente prejudiciais se forem aplicadas universalmente.”
Quanto ao desdém e à prepotência que tem caracterizado a ciência materialista “oficial” como portadora de certeza e verdade, convém a leitura do livroPenso, logo me engano (editora Ática, l997), do jornalista científico francês, Jean-Pierre Lentin, no qual a história da ciência foi passada em revista, destacando-se as bobagens, os erros grosseiros, as fraudes e até os “crimes” (como a defesa do racismo), cometidos pela ciência “oficial” ao longo de toda sua história.
Sabe-se que existem atualmente muitas teorias heterodoxas, tais como a panspermia, o gene egoísta, os buracos de minhoca, os campos morfogenéticos, os universos múltiplos, o cérebro holográfico, o universo holográfico, a hipótese Gaia , entre outras. Dentre estas, o cérebro holográfico e a hipótese Gaia vêm ganhando crescente aceitação nos meios científicos ortodoxos à medida em que têm sido confirmadas por muitas e fortes experiências e evidências, e uma vez que as teorias convencionais (teoria dos engramas e a teoria geológica clássica) já não comportam os novos dados em seu contexto, tornando-se, portanto, insatisfatórias. Situação semelhante está ocorrendo com relação à teoria do Big Bang. Um número crescente de novos dados não têm como ser encaixados no corpo do modelo teórico, o que tem acirrado a crítica e a busca de uma teoria alternativa para o Big Bang. O Biocosmos pretende ser uma contribuição para a formulação de uma teoria alternativa para o Big Bang.
18. Biocosmos: Uma teoria heterodoxa aplicável
Importa ainda classificar as teorias heterodoxas em dois tipos: as inaplicáveis (que não possuem aplicabilidade em nossa vida diária: buracos de vermes, universos múltiplos, universo de dez dimensões, etc) e as aplicáveis (que possuem aplicabilidade imediata em nossa vida, tais como o cérebro holográfico, diante dos místérios da mente e do cérebro; e a hipótese Gaia, diante dos gravíssimos e urgentes problemas ecológicos). Sob este ângulo, o Big Bang enquadra-se no grupo das teorias inaplicáveis, enquanto o Biocosmos, no grupo das teorias aplicáveis, de vez que o Biocosmos pode ser definida como a mais abrangente das teorias ecológicas desenvolvidas até o presente. Por outro lado, é sabido que, apesar da teoria biológica clássica e do modelo do Big Bang, o planeta Terra, as espécies e o homem correm sério perigo de extinção. Nenhum cientista sério negará a urgente necessidade de soluções para o problema ecológico. Logo, se o Biocosmos pode contribuir para a preservação da natureza, engendrando nas pessoas sentimentos mais amorosos para com o planeta Terra, por que um cientista, que é visto como um trabalhador imparcial (financiado pelo grande público) e interessado unicamente no bem estar do planeta e do homem, se oporia a ele?
Outrossim, mesmo que a própria ciência ortodoxa permita, estimule e deseje novas hipóteses, ainda assim, é possível que o Biocosmos enfrente oposição pelo simples fato de ser algo relativamente novo e ousado. É como se a humanidade sofresse de uma espécie de misoneísmo — medo no novo (do que o novo pode fazer ao establishment). Certamente foi esse o motivo por que a ciência ortodoxa desprezou com desdém tantas idéias geniais do passado, as quais, vencendo a oposição, transformaram-se em imponentes pilares teóricos de nossa ciência e tecnologia atual.
Eis, pois, uma apresentação concisa do modelo do Biocosmos. Evidentemente, um estudo tão amplo e profundo, não pode ser sintetizado sem grandes prejuízos. Certamente, o modelo do Biocosmos surpreenderá alguns estudiosos da Astronomia. Entretanto, mesmo este livro denso e volumoso contém apenas uma apresentação parcial do modelo do Biocosmos. Este tópico, portanto, é apenas uma breve introdução com caráter de apresentação geral. Sendo assim, o modelo do Biocosmos não poderá ser refutado a priori com um simples não. Sua rejeição exigirá a formulação de uma contraproposta superior (uma idéia mais coerente e científica) para cada uma de suas teses fundamentais. Se, como supomos realizar, o modelo do Biocosmos acha-se fundamentada na lógica filosófica, na Matemática e na ciência contemporânea, ele poderá vir a ser acatado como uma significativa contribuição ao estudo da Cosmologia; ou seja: mais um passo na antiga jornada da humanidade em busca do verdadeiro sentido da origem e da finalidade do universo e do homem. De outro modo, mesmo que venha a ser classificado por alguns como mera especulação teórica, ainda assim, deverá contar com a tolerância da ciência ortodoxa, pois, como escreveu o astrofísico John Gribbin em seu livro A Morte do Sol:
“Para a ciência, a especulação é não somente permitida, como amiúde desejável, pela importância que tem ao indicar novas linhas de pesquisa que talvez se revelem promissoras.”(John Gribbin. A Morte do Sol. Editora Francisco Alves-1983. Pg. 127.
Ou como disse o famoso astrofísico canadense, Hubert Reeves:
“Em ciência, como em outras áreas, deve-se temer a inércia intelectual, o modismo, o peso das instituições e o autoritarismo. As “heresias” sempre têm grande importância. Elas mantém o espírito em estado de alerta... Diante do cientista apresenta-se um certo número de teorias rivais. Medindo méritos e defeitos, ele escolhe uma — uma escolha que nunca é definitiva. À luz de novas observações ou novos cálculos, ele poderá reconsiderar sua escolha.” (Hubert Reeves. Um Pouco Mais de Azul. Martins Fontes-1986. Págs.20-21)
Ou ainda, como escreveu a equipe de biólogos que elaborou o BSCS:
“Em ciência, as idéias são tão importantes quanto os fatos. O crescente progresso da ciência resulta tanto da influência das idéias sobre os fatos, como da influência dos fatos sobre as idéias. (...) A ciência é o resultado da influência mútua e contínua do conhecimento de novos fatos e do desenvolvimento de novas idéias.
(...) A formulação de problemas é muitas vezes mais importante que a sua solução, a qual pode ser apenas uma questão de habilidade matemática ou experimental. Propor problemas novos e encarar os velhos sob um novo ângulo, requer imaginação criadora e é o que promove o progresso da ciência. (...) A formulação de uma hipótese é uma atividade criadora. Muitos cientistas descreveram a elaboração de suas hipóteses como sendo “palpites felizes”, “intuições” ou “ inspirações.”
Biological Sciences Curriculum Study — BSCS
( Vol. I. Editora EDART, 1973. p. l5, l7 e 22).
Desse modo, diante do atual declínio mundial do modelo do Big Bang, abriu-se o espaço para a elaboração e a proposição de novas hipóteses e de novos modelos cosmológicos. O Biocosmos, como hipótese e modelo cosmológico, nasceu com o propósito de contribuir para o avanço da Cosmologia. É a própria ciência quem lhe confere esse direito, e mesmo que venha a ser considerado uma mera especulação teórica, ainda assim, significará uma especulação útil, permitida e desejável pela própria ciência. O bioquímico inglês James Lovelock, criador da hipótese Gaia , escreveu:
“Deu-se nos últimos anos uma estranha viragem nos acontecimentos; quase uma volta completa sobre o conhecido conflito de Galileu com os dogmas teológicos. É o dogma científico que atualmente proíbe a ‘heresia’. Eu tinha uma ligeira esperança de que a hipótese Gaia fosse denunciada do púlpito; no entanto, pediram-me para proferir um sermão sobre Gaia na Catedral de St. John the Divine, em New York. Registre-se que os meus colegas de profissão acusaram Gaia de ser teológica e as revistas Nature e Science recusaram-se a publicar artigos sobre o assunto. Não foram dadas quaisquer justificativas para tal recusa; era como se o ‘dogma’ científico oficial, à semelhança do dogma teológico da época de Galileu, não pudesse tolerar noções radicais ou excêntricas.”
James Lovelock. Gaia. Um Novo Olhar Sobre a Vida na Terra.
Edições 70. Lisboa,1987. Págs. 9 e 10.
Depois de décadas defendendo sua hipótese, e depois de a mesma já ter-se tornado mundialmente conhecida do grande público, e de já estar sendo acatada pela ciência ortodoxa, Lovelock concluiu:
“As idéias realmente originais seguem uma trajetória familiar. Primeiro as pessoas dizem que se trata de um absurdo, depois dizem talvez e, finalmente, garantem tê-las defendido desde o começo.”
James Lovelock. O Pai da Natureza. Veja. 22 de fev/1979. Pg.52.
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