A Ciência Deusista & Leis Naturais

29/05/2012 20:54

A Ciência Deusista

&

Leis Naturais


A Realidade Científica das Leis Naturais

e das Constantes da Natureza

São Paulo, 29 de Maio de 2012 Escrito por Léo Villaverde

 

“Não importa o quanto a ciência se desenvolva ela nunca conseguirá superar as coisas criadas por Deus. Este vasto universo está se movendo dentro de uma ordem e conforme uma lei. Quando pensarmos que Deus criou e continua movendo este vasto universo inatingível pela ciência e pelo pensamento humano, concluiremos que Deus é o cientista absoluto. (CSG. L1.C2.P98 ).

 

            “A vida como a conhecemos seria impossível se qualquer uma das constantes naturais tivesse valores ligeiramente diferentes... Uma constante exige um grau de perfeição da ordem de 10: o número 1 seguido de 120 zeros!” (Steven Weinberg. Prêmio Nobel de física).

 

A revista científica New Yorker publicou um artigo abordando um fenômeno que se tornou heresia na ciência contemporânea. Trata-se da aparente mutabilidade e inconstância dos resultados experimentais ao longo do tempo. Descobriu-se que novos medicamentos para pacientes psicóticos apresentavam resultados muito mais eficazes do que os medicamentos da geração anterior, o que provocou grande euforia. Ocorreu, porém, que passados alguns anos, aqueles novos medicamentos começaram a perder eficácia, diminuindo de 100% para até 0%. Outras pesquisas sugeriram que algumas espécies de aves em época de acasalamento pareciam escolher seus parceiros pela simetria. Assim, a idéia da simetria passou a ser considerada o padrão matemático da beleza. Com o passar dos anos, porém, as mesmas espécies de aves passaram a se comportar de modo diferente, ignorando por completo a simetria na escolha de seus parceiros. Outras pesquisas constataram mudanças de comportamento similares em outras espécies de animais. O que houve? O organismo se adaptou ao medicamento e este perdeu a eficácia, ou teria ocorrido uma mudança na própria natureza humana e das demais espécies? A mudança teria sido um efeito transitório em grupos individuais de homens e animais, ou todos os homens e todos os animais do planeta teriam mudado de comportamento de forma definitiva? O que estava provocando aquelas mudanças? As mudanças de comportamento dos organismos seriam efeitos climáticos e mesológicos transitórios, ou a própria natureza do planeta e do universo eram inconstantes e mutáveis?

         Como sempre acontece alguns estudiosos mantiveram as pesquisas em segredo enquanto aguardavam estudos mais amplos e profundos. Outros, porém, mais alinhados com o evolucionismo darwinista, se apressaram a interpretar as mudanças de comportamento dos organismos como a prova científica de que não existem leis naturais ou constantes matemáticas, físicas, químicas ou biológicas na natureza. O que a ciência moderna e contemporânea chamou de leis naturais e constantes da natureza não passam de meros hábitos da natureza. A natureza mudaria constantemente de hábitos, algumas dessas mudanças de hábito poderiam levar milhões de anos para ser concluída, outras, menos. Mas tudo na natureza seria inconstante e estaria em plena mutação; estaria evoluindo, transformando-se em outras e novas espécies. As mudanças de hábitos da natureza teriam tempos diferentes, nunca ocorrendo todas simultaneamente. Será esta interpretação uma verdade, ou apenas uma conclusão apressada para favorecer o sistema de crenças materialistas e atéias do evolucionismo darwinista?

         A princípio note-se que sugerir, com base em pesquisas limitadas de alguns seres humanos (dentre 7 bilhões) e de algumas espécies (dentre 50 milhões) que o universo e o planeta são inconstantes e mutáveis, e que não existem leis naturais e nem constantes da natureza é uma suposição tremendamente precipitada e exagerada. E em ciência esses exageros gigantescos são sempre precipitados e anticientíficos.

 

1. Dogmatismo: A barreira à onipresença divina no cosmos

A ciência natural floresceu na Idade Média dentro dos mosteiros e catedrais, ao lado das quais surgiram as escolas monarcais e catedrais, e também as universidades. A primeira universidade foi estabelecida em Paris no ano 1215 pelo Papa Inocêncio III. Segundo o historiador católico Dr. Thomas E. Woods, PhD, em seu livro Igreja Católica. Construtora da Civilização, os primeiros pensadores cristãos, tais como Terry de Chartres, Alberto Magno, Roger Bacon, entre muitos outros,  a ciência medieval era mais aberta e menos dogmática do que a ciência moderna atual. Isto pode ser facilmente comprovada com um breve estudo da história da ciência. James Lovelock, criador da hipótese Gaia (do planeta parcialmente vivo), escreveu: “

“Deu-se, nos últimos anos, uma estranha virada nos acontecimentos; quase um círculo completo sobre o conhecido conflito de Galileu com os dogmas teológicos. É o dogma científico que atualmente proíbe a heresia. Eu tinha uma ligeira esperança de que Gaia fosse denunciada de um púlpito; no entanto, pediram-me para proferir uma palestra sobre Gaia na Catedral de St. John The Divine, em New York. Registre-se que os meus colegas cientistas acusaram Gaia de ser teológica, e as revistas Science e Nature recusaram-se a publicar artigos sobre o assunto. Não foram dadas quaisquer justificativas para tal recusa; era como se o dogma oficial, à semelhança do dogma teológico da época de Galileu, não pudesse tolerar noções radicais ou excêntricas.”

 James LovelockGaia. Um novo olhar sobre a vida na Terra.

Edições 70, Lisboa. Portugal, l987. p. 9 e 10.

 

         O pensamento judaico-cristão é o sistema de crenças e valores da civilização ocidental, e este afirma que Deus é um ser transcendental, existindo fora do universo físico, no Céu, ladeado por Jesus e pelo Espírito Santo (é a ideia da Santíssima Trindade transformada em dogma no Concílio de Nicéia, sob o imperador Constantino, no ano 325 d.C.). As leis, a perfeição, a imutabilidade e a eternidade seriam características exclusivas de Deus. E uma vez que Deus existia fora do universo físico este não poderia apresentar as mesmas características de Deus, pois isto faria do universo um segundo Deus. Assim, o universo era naturalmente mutável, inconstante, imperfeito e transitório. Essa é a idéia atual da ciência materialista, como está no Livro Criação Imperfeita, do físico brasileiro Marcelo Gleiser (Record, 2010).

         A idéia da inconstância, da mutabilidade e da transitoriedade da natureza ajusta-se às crenças e dogmas da ciência materialista atual e também às crenças e dogmas da escatologia cristã, a teoria cristã da história, segundo a qual a finalidade do Cristianismo não é construir um mundo divino, perfeito e eterno sobre a Terra, mas santificar e levar alguns homens escolhidos (não todos) para o Céu. E quanto ao “venha a nós o vosso reino, na Terra e no Céu?”. Quanto ao futuro do planeta as respostas cristãs são confusas e escapistas: a Terra será incinerada, depois recriada, quando então surgirá uma sociedade pacífica sobre a Terra que durará um milênio. Pode ainda acontecer de um pequeno grupo de cristãos ser arrebatado fisicamente para o espaço, tendo seus corpos físicos transformados emcorpos glorificados durante o trajeto ao encontro de Jesus nas nuvens da atmosfera terrestre. Simultaneamente todo o restante da humanidade seria lançada no lago de fogo eterno do inferno, onde arderiam para sempre sob a tirania do anjo rebelado Lúcifer, que traiu a Deus e se tornara o satanás (adversário). Segundo essa visão escatológica o anjo Lúcifer teria desafiado e vencido o próprio Deus, criando dentro do universo --- dentro do corpo da Criação divina ---, um outro mundo infernal eterno onde manterá mais de 99% da humanidade sob seu comando, sofrendo torturas e sofrimentos intensos por toda a eternidade. A criatura teria vencido o Criador.

         Definitivamente essa escatologia está confusa, pois ela se refere a um Deus incapaz de vencer um simples anjo, o qual teria o poder de criar outro universo paralelo e eterno, o inferno, e arrastar para si mais de 99% da humanidade. Não é este o Deus mencionado na Bíblia (Ap 21.1-6). Em síntese este é o conjunto de crenças e dogmas cristãos acerca da natureza e do final da história. Obviamente essa teoria da história não tem sido eficaz para atrair a mentalidade científica do homem do século XX e XXI, razão pela qual o materialismo ateu tem avançado sobre toda a Terra, infiltrando o próprio Cristianismo sem quase encontrar obstáculos teóricos capazes de o deter.  Calma. Este é um artigo científico. Todavia, como a ciência nasceu no seio do catolicismo medieval, alguns comentários acerca do sistema de crenças e dogmas cristãos fazem-se necessários.

 

2. A secularização do Catolicismo

Com a queda do Império Romano o Cristianismo ascendeu e ergueu a civilização cristã ocidental, tendo lançado as bases da educação e da própria ciência natural; uma ciência que era primordialmente espiritualista, mas também lógica e empírica. Hoje, a Igreja Católica admitiu oficialmente a hipótese do Big Bang (o universo nasceu de uma megaexplosão), a hipótese nebular (o sistema solar nasceu a partir da concentração gradual e casual de gases e poeira) e a hipótese da evolução das espécies, nos moldes darwinistas (as espécies são mutáveis e evoluem dando origem a novas espécies). O problema é que estas três hipóteses são reconhecidamente materialistas e ateístas. Por que, então, foram admitidas oficialmente pelo catolicismo? Provavelmente por falta de teorias científicas alternativas alinhadas com o Cristianismo. E também porque aquelas hipóteses afirmam que o cosmos, o planeta Terra e as espécies possuem uma história, e tudo muda com o passar do tempo. Como o catolicismo acredita que somente Deus é perfeito, imutável e eterno, somente Deus possui em Si leis imutáveis e eternas, e que somente o Céu é governado por leis imutáveis e eternas, aquelas hipóteses coincidem com a teologia cristã do Deus transcendente (existindo antes e apartado de Sua Criação; ao contrário do Deus Imanente dos orientais, que é um com Sua Criação)). Dentro da visão católica, portanto, não existem leis naturais nem constantes matemáticas, físico-químicas ou biológicas perfeitas na natureza, mas apenas mudanças de hábitos. Deus não está onipresente em sua obra. Por isso a natureza é inconstante, mutável, imperfeita e temporária. Serão estas idéias verdadeiramente bíblicas e cristãs? Vejamos.

 1. A Bíblia afirma que Deus é um com o universo. Isto é: Deus é onipresente em Sua Criação: “Desde a criação do universo, as  perfeições invisíveis de Deus e Seu eterno poder e divindade, tornaram-se visíveis à inteligência humana por meio das coisas criadas” (Rm 1:20; Mt 5.48);  “N’Ele nos movemos, n’Ele vivemos e n”Ele existimos.” (Atos 17:28); e “Vós sois os templos de Deus, e o Espírito de Deus habita em vós.” (I Co  3:16).

2. A  Bíblia afirma que o planeta Terra é estável e eterno : “E Deus criou o Seu santuário, estável como a Terra, que criou para sempre.” (Eclesiastes 1.3-4); “Uma geração passa, outra vem; mas a Terra permanece para sempre.” (Salmos 78.69).

3. A Bíblia afirma que Deus criou a humanidade como a Sua família e o planeta Terra como o lar de Sua família. Deus é absoluto, perfeito, imutável e eterno. Logo, Sua vontade também é absoluta, perfeita, imutável e eterna: “O que Eu disse farei, o que concebi realizarei; porque Eu Sou Deus e não há outro. O meu conselho será firme e farei toda a minha vontade.” (Is 46.11; Ap  21.1-6). Por que a rebeldia de um simples anjo (um ser espiritual antropomórfico) alteraria para sempre a vontade absoluta de Deus com relação ao seu plano original, forçando-O a destruir o planeta e a permitir que 99% de Seus filhos fiquem sob o controle do diabo no inferno por toda a eternidade? Deus instituiu o Cristianismo para salvar ou para destruir a humanidade? Não disse Jesus  que “Deusamou o mundo de tal maneira que ofereceu o Seu filho unigênito para resgatá-los” (Jo 3.16), e que a ordem original do universo inteiro será restaurada: “Até os tempos da Restauração Universal da qual falou o Senhor...” (Atos 3.21). A Bíblia diz ainda que Deus vai habitar e viver com os homens em paz: “Eis a morada de Deus com os homens. Deus habitará com eles e eles serão o Seu povo...E não haverá mais pranto nem morte” (Ap 21.1-6).

4. A Bíblia afirma também que Deus criou o universo sobre base matemáticas e quantitativas precisas: “Porém, dispuseste tudo com medida, número e peso.” (Sabedoria 11.21. Livro exclusivo do Bíblia católica)).  Por que, possuindo Deus os atributos da lei, da ordem, da imutabilidade e da perfeição criaria uma obra como Sua imagem e semelhança desprovida destes Seus atributos essenciais?

         Penso que estes trechos bíblicos são o bastante, aos que crêem na Bíblia como a palavra de Deus revelada, para confirmar: a) a onipresença de Deus em Sua Criação; b) a onipresença de Deus no espírito humano; c) a perpetuidade cíclica do planeta Terra; e d) a presença das perfeições divinas na natureza (constantes naturais e leis naturais = modos de operação cíclicos, precisos e perpétuos). Esse estudo aproxima a visão mística do Oriente relativa à imanência, à onipresença divina no cosmos, da visão bíblica do Ocidente cristão. Se Deus é  perfeito, imutável e eterno, e é um com a Sua Criação, esta também é perfeita, imutável e eterna. E se há leis imutáveis em Deus há também leis imutáveis (= modos de operação cíclicos, precisos e perpétuos) na natureza.

 

3. A matemática como elemento psíquico e parte integrante da natureza  

 

A matemática não gera a verdade. Ela própria é um produto da inventividade humana. Mas a matemática não poderia vir a existir sem um fato real que a precedesse (o fato precede sua explicação). Por exemplo. O círculo e a esfera podem ser observados nos planetas, existindo objetivamente. Mas coube ao homem desenvolver fórmulas geométrico-matemáticas para calcular a área do círculo e o volume da esfera. Os corpos existem objetivamente. E a tendência humana ao ordenamento (leis da pragnância, da Gestalt) desenvolveu símbolos geométricos e matemáticos para representar os corpos e calcular suas medidas. Por exemplo: houve uma época em que o gado era a moeda vigente. Imagine-se a dificuldade para efetuar o pagamento de um bilhão de dólares em gado! Para facilitar a vida o homem criou os números e o sistema bancário. Hoje, faz-se uma transferência digital de um valor correspondente a um bilhão de dólares em menos de 1 segundo, em vez de enviar milhares de bois e tropeiros estrada afora durante meses. Os símbolos geométricos e numéricos representam e substituem os corpos reais. Pode-se dizer o mesmo com relação aos demais corpos do universo. Até mesmo as formas caóticas das nuvens e das montanhas foram matematizadas e calculadas matematicamente na geometria fractal de Benoit de Mandelbrot (La Geometria Fractal de la Natureza. Tusquets Editores, 1997).

         Assim, a matemática possui um fundamento no mundo real. Isto, entretanto, não significa que somente a linguagem matemática pode ler e apreender a verdade contida na natureza. Pensando bem, a matemática é apenas uma régua e uma balança teóricas para os técnicos, e um jogo-passatempo para os que possuem aptidão para os números e alegram-se ao jogar matemática (resolver problemas, cálculos e equações). A matemática em excesso pode ainda viciar o jogador de “matemática”, alienando-o de outras disciplinas e afetando seu desempenho escolar e até a sua relação de equilíbrio com o mundo real. Gostar de matemática nada tem a ver com genialidade, pois a maioria dos que possuem aptidão para a matemática não se mostram igualmente aptos para o português, as artes pictóricas, as artes plásticas, as artes marcais, os esportes,, a biologia, a geografia, a história, etc. O histórico escolar do Einstein é um vexame. Em 1879 a média escolar de Einstein variava entre 4 e 6. Um indivíduo não pode ser gênio em uma matéria e um néscio em dezenas de outras. Assim, não existem gênios, mas aptidão e esforço. Somente Deus é gênio, pois somente Deus é onisciente.

Uma vez demonstrada que objetos e formas existem objetivamente (e foram representados e mensurados pela criatividade humana), fica também demonstrado que a matemática é um conjunto de símbolos inventados pelo homem para representar os corpos reais; símbolos que não poderiam vir a existir sem um fundamento no mundo real, ou em sua continuidade lógica (pode-se também realizar cálculos matemáticos de fatos e objetos imaginários. Exemplos: o peso e as medidas das asas de Pégasus; o peso aproximado do universo, etc). Este fato vincula e unifica o mundo real com a sua representação simbólico-matemática, confirmando os símbolos geométrico-matemáticos como um conjunto de elementos reais integrantes da natureza, embora de natureza psíquica. A matemática é uma invenção humana (uma régua, uma balança, um jogo passatempo) e está na mente do homem. Como o homem é um todo psicofísico e é parte integrante da natureza, a matemática (que está na mente do homem) deve ser considerada igualmente parte integrante da natureza. Assim, pode-se aceitar que existem constantes matemáticas na mente de Deus e também na natureza, Sua obra matematicamente criada com base em pesos e medidas de massas e forças.

 

4. A ordem funcional do universo

 

Discorremos anteriormente acerca da matemática como elemento psíquico e parte integrante da mente do homem e, por conseguinte, da natureza. E demonstramos a realidade da íntima ligação entre os fatos e suas representações mentais, a qual torna os dois um. Mas existe uma limitação, uma barreira entre os fatos per si e suas representações mentais. Por isto as representações mentais do real são sempre superficiais e parciais; nunca englobando o fato em sua plena inteireza. Logo, não são as explicações (pressuposições, hipóteses e teorias) que inventamos e com as quais vestimos os fatos que lhes conferem existência. Ao contrário, os fatos reais pré-existiam às nossas explicações e às nossas representações mentais (pressuposições, hipóteses e teorias).  A realidade concreta é o fundamento da nossa realidade mental. Do contrário, seríamos como seres imaginários de um universo imaginário. Por que o mundo real existe objetivamente como fundamento concreto da nossa realidade mental podemos nos definir como seres lógicos e realistas. Contudo, se podemos raciocinar e teorizar a partir do real é porque ele contém elementos físicos e psicoemocionais que possibilitam sua apreensão intelectual, inteligível; e são estes elementos que estabelecem a vinculação entre o real e o mental (o homem e a natureza). Todavia, a análise empírica que gera a explicação racional sempre encontra um limite na busca pela verdade contida no real, pára e é forçada a transcender os limites superficiais da intelectualidade e elevar-se à contemplação silenciosa do mistério profundo e insondável do universo. Como observou Einstein:

“A mais bela emoção de que somos capazes é a mística.  Ela é a força de toda arte e ciência verdadeiras. Aquele que não a experimenta está praticamente morto. Saber que o que é impenetrável para nós realmente existe, manifestando-se como a sabedoria maior e mais preclara formosura, que nossas toscas faculdades só podem captar em sua forma mais primitiva — esse conhecimento, esse sentimento está no centro da verdadeira religiosidade.” (Albert Einstein. The World as I see it.  Wisdom Library, l979. Citado por Renée Weber em Diálogos com cientistas e sábios. Cultrix, l985. Pg. 248).5.

 

5. O princípio cosmológico antrópico

 

Partindo do pressuposto inquestionável de que o real tem prioridade sobre a sua  representação mental (pressuposições, hipóteses e teorias) somos levados a admitir que o universo real se desenvolveu através de um processo gradual de aumento de ordem e de complexidade, o qual implica em um aumento constante de inteligência e criatividade; Portanto, universo é dotado de uma ordem funcional observável que se manifesta como relações matemáticas, físico-químicas e biológicas reais e precisas. E estas relações se refletem nas constantes da natureza e nas leis naturais (entendidas aqui como modos de operação da natureza). Exemplos: as taxas de oxigênio, nitrogênio e gases nobres na atmosfera da Terra (78%, 21% e 1%). Por ser um gás altamente inflamável a menor alteração dessas taxas poderia provocar a autocombustão da capa viva do planeta. A taxa de salinidade dos oceanos é constante há milênios. A menor alteração na salinidade dos oceanos extinguiria todas as espécies de vida dos mares, pois uma taxa de salinidade superior a 0.6 destruiria a membrana celular dos sistemas vivos. Os livros do bioquímico inglês James Lovelock Gaia. Um novo olhar sobre a vida na Terra e As Eras de Gaia (Fórum da Ciência, 1988. Portugal) e Gaia. Cura para um planeta doente (Cultrix, 2006) estão repletos de exemplos de taxas e constantes da natureza cientificamente comprovadas. As constantes da natureza são um fato inegável. E é com base nas constantes da natureza que emergiu o conceito de leis naturais, as quais refletem os modos de operação constantes e imutáveis da natureza. Todas as pesquisas que fundamentam o princípio cosmológico antrópico (Cf. John Barrow e Frank Tipler, The Antropic Cosmological Principle. Oxford University Press, 1986) igualmente comprovam cientificamente a realidade das constantes da natureza. Da disposição e distâncias dos planetas em relação ao Sol, que determinam as características ímpares da Terra, à distância Terra-Lua, que influencia o fenômeno vital das marés.. Da precisão vital da inclinação do eixo terrestre (com 23,5º) à precisão vital das velocidades dos movimentos de rotação e de translação, até a inclinação das órbitas da maioria dos planetas e satélites, todos dispostos quase no mesmo plano do equador solar e no mesmo plano de inclinação. Enfim, são estas constantes naturais que definem as características do mundo em que vivemos. Negar as leis naturais (causa) e as constantes da natureza (efeito) é impossível no âmbito do pensamento lógico-científico. A simples realidade da mente e a possibilidade da cognição e da racionalização já pressupõem a realidade da ordem. Em outros termos: a ordem universal existe e se manifesta através de leis naturais (modos de operação da natureza) e constantes naturais (relações matemáticas, físico-químicas e biológicas). De outro modo não haveria ordem nem universo. Ninguém pode negar a funcionalidade ordenada e precisa do cosmos. Imagine-se o que aconteceria se todas as leis — os modos de operação da natureza — fossem suprimidas e todas as constantes matemáticas, físico-químicas e biológicas fossem quebradas? Com certeza o caos predominaria, pois o que distingue o ser do não-ser é precisamente a presença da ordem. E o conceito de leis naturais e constantes naturais (ordem) está essencialmente interconectado com Deus e com o cosmos, haja vista que o cosmos e o homem são obras divinas, imagens externas e semelhanças internas de Deus.

Fundamentando cientificamente esta linha de raciocínio lógico quanto à ordem como elemento integrante da natureza, o físico David Bohm (1917-1992) propôs a existência de uma ordem implícita que se manifesta na ordem explicita. Na teoria quântica de Bohm a ordem explicita da natureza (a ordem natural) não provém do caos, da não-ordem, mas de um outro tipo de ordem, a ordem implícita, pois até mesmo o caos é uma manifestação de ordem não-linear da natureza. E pode ser matematizado, como demonstrou a matemática da complexidade (qualitativa), a teoria do caos e a geometria fractal.. A teoria quântica da ordem implícita de Bohm o conduziu naturalmente a Deus:

Luz é energia e informação; conteúdo, forma e estrutura.  É o potencial de tudo. A luz é em tudo.  O universo é uma realidade autocriada; é um Ser-luz infinito, superpoderoso, dotado de um conteúdo informacional e de uma vontade consciente e criativa, capaz de projetar a Si mesmo sob a forma finita das partículas.  As pessoas intuem uma forma de inteligência que, no passado, organizou o  universo, e a personalizam chamando-a Deus.” (Dr.  David Bohm.  A Ordem Implícita e a Ordem Superimplícita. Apud Diálogos com Cientistas e Sábios.  Renée Weber.  Cultrix.  l988.  Pg..43 a 73).

 

6. A Ciência Deusista e a Teoria da Verdade Corporificada

 

A natureza é um conjunto de objetos e uma sucessão de fatos objetivos e independentes da presença do homem, uma vez que a Bíblia e a ciência afirmam que a espécie humana foi a última a aparecer no planeta, na era cenozóica. Isto significa que os objetos e os fatos estão imbricados na própria estrutura da realidade. Por isso, o fato é soberano em relação à sua explicação e representação mental. E nenhuma explicação racional enquadra o fato em sua completude. O fato é sempre maior e mais profundo do que a sua explicação ou representação mental, pois o fato é o real, enquanto a explicação é a imagem mental que geramos a partir do fato. Por exemplo. Se perguntarmos: Que é o fenômeno causador da atração entre os corpos materiais? Alguém poderia responder: a gravidade. Esta resposta, porém, não informa o que é o fenômeno em si; apenas dá um nome a ele. O mesmo se aplica a todos os fenômenos da natureza. Não sabemos plena e precisamente o que são os fatos, apenas damos nomes a eles e criamos uma representação mental e funcional dos mesmos a fim de possibilitar a nossa convivência com eles e entre nós.

         Esta primazia do real sobre a sua explicação racional (pressuposições, hipóteses e teorias) fornece uma base científica para a teoria da verdade corporificada, da ciência Deusista, que classifica os seres do universo como corpos de verdade individuais. Nesse sentido o somatório de todos os corpos de verdade individuais constituem a verdade completa, conhecida. Assim, o próprio cosmos revela-se como a automanifestação visível e finita da verdade; do que é verdadeiro. E o que é verdadeiro é puro, perfeito, imutável e eterno, pois a verdade é única e não muda nunca. Logo, se Deus é verdadeiro, imutável e perfeito; e se “as perfeições invisíveis de Deus tornaram-se visíveis na natureza” (Rm 1.20) podemos aceitar que o verbo, a verdade, fez-se massa e tornou-se visível à inteligência humana. E podemos aceitar que o cosmos é a automanifestação visível e finita de Deus. “O universo é o Criador, Deus, que Se projeta sob uma forma substancial. A finalidade última do universo é a manifestação de uma imagem visível e finita do Deus invisível e infinito. E esta, é o homem.”

A idéia do homem como imagem e semelhança divina, obra-prima e glória de Deus (com o potencial para a perfeição: “Sede perfeitos como Deus é perfeito.” Mt 5.48) está na base do antropocentrismo judaico-cristão que vê os homens como filhos de Deus, deuses filhos (“Vós sois deuses.” Salmo 82:6), e a espécie humana como pináculo da natureza (Hb 1.14; ICo. 6.3). Assim, estes estudos sugerem que a negação das leis naturais imutáveis e das constantes matemáticas, físico-quíimicas e biológicas na natureza é quase uma ofensa a Deus e à Sua Criação, pois nem mesmo o homem constrói sua mpradia aleatoriamente, sem um planejamento prévio, sem pesos e medidas matemáticas. Sem equilíbrio matemático, físico e químico de massas e forças os planetas e o sistema solar sequer existiriam. Einstein tinha razão: “Deus não joga dados com a natureza.” A criação de um universo é um ato divino de alta responsabilidade e precisão, e não um ato de diversão inconsequente de um jogador de dados.

 

Leis naturais: modos de operação ou hábitos da natureza ?

 

Que dizer da substituição do conceito de leis naturais e de constantes naturais pelo conceito de hábitos da natureza? Inicialmente, note-se que o conceito de hábitos está sem relacionado com algo adquirido posteriormente, depois de o ser já ter sido criado. O hábito é aquirido, e se for prolongado gera dependência. Todavia, pode ser eliminado em qualquer tempo. Veja-se o exemplo o hábito do alcoolismo e do tabagismo, e até mês o hábito do uso de drogas pesadas, como a cocaína e o crack. Mediante uma decisão pessoal e devidamente tratados pela medicina os indivíduos podem ser desintoxicados e libertados do hábito-vício.

Ora, o conceito de hábito, sempre adquirido posteriormente, não pode ser aplicado aos fenômenos da natureza que deram origem às espécies e as perpetuam. Mesmo a ciência materialista, em sua “lei’ máxima, a suposta lei da evolução (o evolucionismo universal) admite que o universo foi criado com base em constantes naturais (físicas, químicas e biológicas) e em modos de operação constantes, os quais respondem pelo processo de multiplicação cíclica das espécies. E estes modos constantes de operação da natureza é o que a ciência materialista chamou de leis naturais. E elegeu o conceito de leis naturais como a pedra basilar da ciência. Desse modo, nem mesmo a ciência materialista pode prescindir do conceito de leis naturais sem se autodestruir e se autodesmoralizar.

            De outro lado, a idéia de hábitos da natureza é um equívoco e uma contradição, pois a repetição de um hábito gera dependência e pode tornar-se um vício permanente; um comportamento constante, o que significa o retorno aos conceitos de constantes da natureza e de leis naturais De outro lado, o conceito de hábitos da natureza assemelha-se ao conceito do acaso, pois ambos são destituídos de conteúdo teórico. E sem um conteúdo teórico o universo simplesmente inexistiria, uma vez que há informação no universo, que é um sistema somasignificante. E mais: o conceito de hábitos é mais um conceito social superficial; incapaz de criar, estabelecer e manter a ordem funcional do universo inteiro. Por  exemplo: como explicar a coesão e as órbitas dos planetas do sistema solar como hábitos da natureza? O que tem a idéia de hábito a ver com o equilíbrio matemático preciso, e com equilíbrio físico-químico de medidas, massas e forças que sustém o sistema solar? E quanto ao complexo e ordenado sistema climático da Terra, que gera as estações anuais e até as migrações animais? E quanto ao complexo e ordenado equilíbrio bioquímico dos organismos em particular e da ecobiosfera como um todo? Como explicar a unidade quântica do cosmos (o conceito quântico da totalidade) como um hábito da natureza?

            Na verdade, a substituição dos conceitos de constantes da natureza e leis naturais por hábitos da natureza é tão somente isto: uma mudança de conceito inconseqüente que apenas confunde. Nos fenômenos reais do cosmos tudo é cíclico, nada muda. O universo e o planeta Terra continuam sendo sistemas complexos, ordenados e dotados de uma ordem funcional que somente pode ser explicada (aproximadamente) concebendo-se um conjunto de constantes naturais e modos de operação precisos (leis) da natureza. Muito mais porque o universo é uma automanifestação visível e finita do Deus invisível e infinito; e como em Deus há ordem, leis, imutabilidade e perfeição, tais atributos divinos também estão presentes em Sua obra. Um artista sempre transfere para sua obra vislumbres de seu caráter essencial. A natureza é um conjunto de obras de arte vivas! E Deus é o Criador de tais obras. Por isso as perfeições invisíveis de Deus (coração, emoção, princípios, ordem, beleza, criatividade, inteligência,  leis, imutabilidade, perfeições, etc) tornaram-se visíveis à inteligência humana através da natureza. Por isso pode-se visualizar os atributos essenciais de Deus observando a Sua obra. Este fato evoca o princípio científico da causalidade: nada há no efeito que não provenha de uma causa proporcional e suficientemente capaz de gerar o efeito.

 

7. A Realidade das Leis Naturais e das Constantes Naturais

 

Por quê alguns pensadores cristãos aceitaram a idéia da negação das leis naturais e das constantes da natureza? Primeiro porque seu pensamento está limitado pelos limites do próprio pensamento católico cristão, derivado do Velho e do Novo Testamento (datados de 3600 e 2000 anos atrás, respectivamente). Eles desconhecem o chamado Completo Testamento, a nova visão da Bíblia originada na Coréia em 1936, através do coreano Sun Mtyung Moon. O Completo Testamento verdadeiramente é uma revelação bíblica mais ampla e profunda, a qual abre novos horizontes teóricos, os quais não foram alcançados pelo ideário atual da civilização cristã..

            Segundo. Os limites do pensamento judaico-cristão levou-o a absorver em seu contexto teórico as hipóteses materialistas do Big Bang, da hipótese nebular e da evolução das espécies; precisamente devido à carência de clareza teológica e consistência lógica e científica do próprio pensamento judaico-cristã. A Bíblia indica que Jesus prometera revelar novas partes da verdade  (tudo se passa como se o Cristianismo estivesse esperando o surgimento de uma terceira parte da mensagem bíblica: (Jo 16.12; Jo 16.25; I Co 13.9-10; Ap  5.4-5), haja vista que algumas idéias cristãs, como a teoria cristã da história, são cientificamente ilógicas e incoerentes, sendo por isso transformadas em dogmas. A idéia de que Deus existe fora de Sua Criação, de que somente Deus é perfeito, imutável e eterno, e que somente em Deus existem leis imutáveis é outro dogma ilógico. Deus é inteligente, racional e lógico. Assim, para que Deus necessitaria de leis imutáveis em Si mesmo, para aplicar a Si mesmo, estando sozinho e na eternidade? Dizer que Deus é insensível e autosuficiente é negar o Deus-amor e o Deus-Pai, e vestir em Deus a velha ideia materialista do demiurgo aristotélico; um suposto deus mítico identificado com uma moça bonita que passou criando... Afastou-se de Sua criação, saiu de perto dela! Esta fora de Sua criação! Essa idéia de um Deus exclusivamente transcendente (não-imanente em Sua Criação)  é um retorno á idéia do do demiurgo aristotélico e do deísmo spenceriano.

            Terceiro. A negação das leis naturais  e das constantes da natureza por parte de alguns pensadores cristãos pode ter decorrido do fato de  que no alvorecer da ciência moderna a idéia da existência e da imutabilidade das leis naturais foi divinizada e usada a favor do materialismo. Muitos cientistas materialistas, especialmente Descartes, Galileu, Kepler e Newton,  afirmaram ter penetrado e lido a mente do próprio Deus, e este lhes teria revelado que a verdade da natureza estava escrita em linguagem matemático, e que somente os matemáticos conseguiam ler, decodificar e compreender a verdade e a realidade. Assim, as constantes matemáticas (e as leis naturais) foram investidas de um caráter e de uma estatura divinos. Desse modo, os cientistas materialistas, aos quais Deus teria revelado Suas leis, acabaram sendo divinizados juntamente com a matemática e as leis naturais. Galileu (1564-1642) introduziu a noção de que somente a matemática poderia conduzir à verdade sobre o universo, pois o livro da natureza estava escrito em caracteres matemáticos. Portanto, somente os matemáticos podiam ler o livro da verdade da natureza.  Galileu contribuiu em muito para o fortalecimento da tendência materialista e ateísta da ciência moderna. Galileu escreveu:

“Parece-me que nas discussões dos problemas naturais não deveríamos começar pela autoridade das passagens das Escrituras, mas sim por experiências sensatas e por demonstrações matemáticas.” (Galileu. Obras Completas de Galileu Galilei. Citado por Edwin Burt em As Bases Metafísicas da Ciência Moderna.  Editora UnB, l983.  Pg. 66).

 

8. A Ciência Deusista e a Teoria da Adaptação Mesológica Transitória

 

Até aqui penso haver demonstrado que a defesa da inconstância e da mutabilidade da natureza coincide e favorece a hipótese casualista da evolução (transformismo contínuo) e o materialismo ateu. Darwin afirmou que a evolução não era perceptível a curto e médio prazos porque as mutações evolutivas eram lentas, resultavam do acúmulo de minúsculas mutações que levavam milhões de anos para serem percebidas. Foi então que uma descoberta mudou o discurso dos evolucionistas: as superbactérias. Parecia que a genética tinha vindo salvar o darwinismo. As superbactérias pareciam fornecer a prova genética da evolução, pois pareciam provam a evolução em ação e a inexistência de leis naturais e de constantes naturais. Vejamos.

            “De acordo com Organização Mundial da Saúde (OMS), a resistência antimicrobiana ocorre quando os micro-organismos, bactérias, vírus, fungos e parasita, se tornam resistentes à maior parte dos antibióticos e medicamentos usados nos tratamentos, e são chamados de superbactérias. As infecções causadas por esses micro-organismos super resistentes prolongam as doenças e elevam o risco de morte.” (Notícias/MS. Agência de Notícias da Aids).

            “O Dr. David Livermore, pesquisador da Agência Britânica de Proteção à Saúde, afirmou: Não dá para vencer a evoluçãoTudo o que se pode tentar fazer é estar um passo à frente dela.’ Livermore pesquisa o combate à staphylococcus aureus bactéria resistente à meticilina (MRSA, sigla em inglês) que mata cerca de 19 mil pessoas por ano nos EUA. A bactéria da tuberculose também está se tornando uma superbactáeria. Outras superbactérias com a mutação chamada NDM 1 surgiram inicialmente na Índia e já está em todo o mundo, da Grã-Bretanha à Nova Zelândia.” (G1. Ciência e Saúde, 5 de abril de 2011).

         As superbactérias são a prova genética da evolução em ação? O aparecimento das superbactérias (super-resistentes a antibióticos) nos hospitais é um grande problema para os médicos e os farmacologistas. Para os evolucionistas, porém, as superbactérias pareceu ser a tábua de salvação do darwinismo, pois foram interpretadas como sendo a prova genética da evolução e a prova definitiva da evolução em ação em um curto período de tempo.

9. As Suoerbctérias e a teoria do Biocosmos

         Quando, à luz da teoria do Biocosmos, se aprofunda a analise da aparente mudança de comportamento das superbactérias em relação à aparente mudança de comportamento das espécies (interpretada como prova da inexistência de leis naturais e de constantes da natureza) descobre-se que as superbactérias não podem ser aceitas como prova genética da evolução nem como prova da evolução em ação, e muito menos como prova da inexistência de leis naturais e de constantes da natureza. O que de fato ocorre com as superbactérias é uma mera adaptação temporária dos tipos comuns de bactérias submetidas à exposição prolongada de antibióticos e outros medicamentos.

            Falando sobre Falhas e Resistências os infectologistas que atuam no combate ao HIV dizem: “Se a carga viral aumentar rapidamente ou de maneira sistemática, durante um tempo, mesmo com o uso da terapia combinada (coquetel de medicamentos), isto indica que se está diante de um HIV resistente a alguma ou a um conjunto de drogas.”

         Com base na teoria do Biocosmos e na teoria da Bioterra propomos que, assim como  as espécies de grande porte se autoregulam, ajustando-se às variações do clima, das temperatura e dos fatores mesológicos em geral, adaptando-se ao meio ambiente a fim de sobreviver, também os micro-organismos fazem o mesmo. Bem como o planeta como um todo. Quando uma onda de calor se abate sobre uma região todas as espécies do ecossistema se ajustam à nova temperatura. Passada a onda de calor todo o ambiente retorna ao estado natural anterior, inclusive as espécies vegetais, animais e os micro-organismos. Ocorreu ali uma adaptação temporária às condições ambientais, e não uma mutação evolutiva, uma mudança genética definitiva. O mesmo fenômeno --- uma adaptação natural e temporária ---, dá origem às superbactérias. Cessado o efeito dos antibióticos e dos medicamentos contínuos, as superbactérias retornam ao tipo selvagem original natural, provando que não houve evolução nem mutação genética definitiva. .

            A rápida adaptação dos microrganismos ao meio ambiente já é conhecida dos microbiologistas há décadas. A microbiologista e Prêmio Nobel Dra. Lynn Margulis estudou os fenômenos da transferência genética no mundo microbiológico em seu livro Microcosmos:

          “O meio ambiente está tão interligado às bactérias e é tão importante a influência exercida por estas que torna-se impossível dizer com certeza onde termina a vida e onde começa o reino inorgânico da não-vida.” (Lynn Margulis. Microcosmos. Edições 70. Portugal, l986. Pg. 72 e 89).

          A prova científica da teoria da adaptaçao mesológica transitória (proposta no contexto do paradigma biocósmico na teoria da Perfeição das espécies) já existe em abundância e foram obtidas por infectologistas que atuam em hospitais e laboratórios farmacêuticos de todo o mundo. Em 1997 a Dra. Verônica Miller, pesquisadora da AIDS da Universidade Goethe, Alemanha, descobriu que a eficácia do coquetel de medicamentos utilizados em seus pacientes estava diminuindo; e em muitos pacientes já não produzia efeito algum. O HIV havia se adaptado ao meio ambiente corporal dos pacientes impregnado pelas substâncias químicas características dos medicamentos do coquetel, tornando-se supervírus.  Sem outra alternativa uma infectologista decidiu suspender por completo toda a medicação por um período de três meses. Após aquele período o tratamento dos pacientes foi reiniciado com os mesmos medicamentos do coquetel que lhes eram ministrados antes da perda da eficácia. Para surpresa dos infectologistas o mesmo coquetel de medicamentos recuperara a eficácia, parecendo ainda mais eficiente em pacientes nos quais já não fazia efeito algum. O que aconteceu? A análise laboratorial demonstrou que os vírus HIV que haviam se adaptado ao coquetel de medicamentos, tornando-se supervírus resistentes às drogas do coquetel, depois de três meses sem as drogas, se readaptaram ao meio ambiente corporal dos pacientes livres das drogas, perderam a resistência e retornaram ao seu estado natural de vírus HIV comuns. E ai o coquetel de medicamentos passou a afetá-los novamente. Nas palavras da Dra. Verônica   os supervírus HIV  “Retornaram ao tipo selvagem.” Em outros termos: os supervírus não surgiram como efeito da evolução em ação e nem sofrerem uma adaptação permanente, uma mutação genética benéfica definitiva, transformando-se em novas espécies de vírus HIV. Os supervírus simplesmente apareceram como efeito de uma adaptaçao mesológica transitória; resultante de uma alteração transitória de seu habitat natural. Uma vez que o habitat retornou ao seu estado natural (às taxas e condições físico-químicas e biológicas naturais) os supervírus HIV simplesmente se readaptaram (readaptação retroativa), retornando ao seu estado natural. O mesmo fenômeno acontece com todos os micro e macro organismos, bem como ao Ser Terra como um macrossistema vivo em sua totalidade. Mediante mudanças mesológicas o planeta como um todo se adapta às mudanças. Mas, uma vez restauradas as condições mesológicas naturais, retorna ao seu estado natural anterior às mudanças. Os chamados problemas ecológicosatuais podem ser tão somente o efeito de uma adaptaçao mesológica transitória.

            As teorias da adaptação mesológica transitória e da readaptação retroativa representam apenas um artigo da lei da conservação da ordem natural, ou lei da estabilidade universal (estudadas em nossos trabalhos Biocosmos e Ser Terra), a qual pode ser assim enunciada: todos os fenômenos do universo físico existem em um estado de estabilidade e ordem fundamental, e tendem a retornar a ele sempre que dele são desviados. Essa tendência a retornar ao estado de estabilidade e ordem fundamental manifesta-se em todos os fenômenos da natureza (veja-se, por exemplo, a teoria atômica de Böhr). Em outros termos: todos os seres do universo, em conjunto, tendem à conservação de sua identidade e de sua integridade; tendem a conservar sua posição e seu estado de ordem natural. Por isso, o estado de equilíbrio no qual existem e para o qual tendem a retornar todos os fenômenos, coincide com o estado de ordem e estabilidade fundamental. Assim, fica demonstrado que a adaptação das superbactérias aos antibióticos e medicamentos de uso contínuo não são uma prova genética da evolução, não provam a evolução em ação e nem a inexistência de leis e constantes naturais.

 

10. Cosmologia Cristã ou Cosmologia Hindu ?

 

As constatações publicadas pela revista New Yorker demonstrando que a eficácia dos medicamentos diminuíam e o comportamento das espécies se alteravam com o tempo, sugeriu que, decorrido um período de tempo suficiente a própria natureza (os organismos) parecia ter mudado de comportamento. E mais: que o próprio princípio da reprodutibilidade, básico na ciência, estava sendo questionado. Alguns cientistas se apressaram em concluir que a natureza como um todo é inconstante e mutável; e que, portanto, não existiam leis naturais e nem constantes matemáticas, físico-químicas e biológicas na natureza. Confirmava-se o que disse Aristóteles, em oposição a Platão e Pitágoras: a matemática não é um instrumento adequado  para o estudo da natureza porque esta é inconstante e mutável; apenas possui a aparência de constante. Vista assim, a natureza não possuiria leis naturais nem constantes naturais, mas apenas hábitos. Em outros termos: não existia uma ordem natural cíclica e permanente, mas as características do universo inteiro eram inconstantes e mutáveis. A curto prazo as mudanças eram imperceptíveis, mas ao longo de períodos de milhões de anos a inconstância e a mutabilidade da natureza tornavam-se evidentes. Curiosamente é isto o que propõe a hipótese da evolução causal das espécies (uma hipótese materialista e ateísta. Darwin escreveu: “Lentamente a incredulidade me invadiu, para se tornar, enfim, total.” Darwin. Adrian Desmond e James Moore. Geração Editorial, 2000).

         A hipótese darwinista da evolução propõe que nada na natureza é constante e imutável, mas o planeta e todas as espécies vegetais e animais estão evoluindo, transformando-se continuamente em novas espécies. Esse evolucionismo universal, porém, só é perceptível ao longo de milhões de anos, o que excluía completamente a possibilidade de o homem assistir ou perceber a evolução. Note-se que a negação das leis naturais e das constantes da natureza arrasta o pensamento humano sutilmente para o evolucionismo casual e materialista, conduzindo à negação da onipresença divina no cosmos, à negação da imutabilidade e da perpetuidade e à negação da ordem universal. E tudo isto significa a negação do próprio Deus!  E mais. O transformismo contínuo da natureza não seria cíclico, mas entrópico, como afirmou Clausius na “lei” da entropia (II princípio da termodinâmica, ou lei da degradação da energia). Em nosso trabalho Biocosmosdemonstramos o equívoco da pseudolei da entropia, evidenciando que a entropia se choca com a evolução (o ordenamento gradual e crescente) e com a lei da conservação da massa e da energia (o I princípio da termodinâmica, de Helmholtz), o qual demonstrou a conservação da energia do universo. A entropia afirmou que a energia que move o universo se transforma, se desgasta, perde qualidade e potência. Com o tempo, finalmente, toda a energia cósmica se esgotará e ocorrerá a morte térmica do universo. Assim, os cientistas materialistas ateus extrapolaram a teoria solar padrão, a hipótese da morte do sol por esgotamento energético, para o universo inteiro, aproximando-se das hipóteses escatológicas judaico-cristãs e das hipóteses cosmológicas ateístas que apontam para o BigCrunch: depois do esgotamento da energia do Big Bang o universo começará a se contrair até a autofagia, quando se tornará um buraco negro hiperdenso. A hiperdensidade gera a antigravidade e o ponto hiperdenso explodirá novamente, para depois se contrair, e assim sucessivamente. Na verdade, a hipótese do Big Bang e do Big Crunch é a repetição inteira da hipótese cosmológica do hinduismo (da esfera cultural afro-indiana, anticristã), que afirma ser o universo produto da respiração (expirações e inspirações) de Brahma. Não que os seres individuais se reciclem, ou que o mesmo universo se recicle como um todo, mas a existência do próprio universo é cíclica; a cada respiração de Brahma um novo universo nasce e morre ad eternum. O hinduismo é mais uma mitologia politeísta (com milhões de deuses míticos e híbridos) do que uma religião (meio de religação homem-Deus). A mitologia e o pensamento gregos estão profundamente enraizados no hinduismo (Cf. O Hinduismo. William Stoddart. Ibrasa, 2004). A cosmologia hindu é uma visão materialista e niilista, mas com uma face espiritualista e teísta, uma vez que afirma o politeísmo, mas nega o Deus único, pessoal e Pai amoroso do Cristianismo, nega a ocorrência da ruptura original (origem do mal), e consequentemente nega a existência do antideus, do pecado, da necessidade de arrependimento, da necessidade de salvação e do próprio Cristo como salvador.

         Tudo isso demonstra que a visão de  um universo inconstante e mutável, desprovido de leis naturais e de constantes naturais conduzem à cosmologia hinduísta, evolucionista e anticristã. E note-se: esta não é uma conclusão forçada, mas o resultado espontâneo da análise sucessiva dos fatos.

 

11. A Ciência Deusista e a Aparente Mutabilidade da Natureza

 

A ciência contemporânea não possui uma explicação para a crise do princípio da reprodutibilidade; a aparente mudança de comportamento das espécies.  Alguns pensadores se precipitaram e propuseram a inexistência de leis naturais e constantes matemáticas, físico-químicas e biológicas da natureza, alinhando-se (talvez, sem perceber) ao materialismo evolucionista. E as perfeições invisíveis de Deus (as leis naturais imutáveis e as constantes matematicas, físico-químicas e biológicas foram substituídas pelo conceito de hábitos inconstantes da natureza.

            Como se explica, no contexto da ciência Deusista. a aparente crise do princípio da reprodutibilidade, a aparente mudança de comportamento que a natureza apresenta de tempos em tempos? A explicação Deusista emerge no contexto da teoria do Ser Terra, a teoria da Terra como um superorganismo vivo em sua totalidade (dínamosfera, magmosfera, litosfera, geosfera, biosfera, atmosfera e nousfera). A dínamosfera, a esfera geodinâmica, e a nousfera, a esfera geopsiquica, foram introduzidas pela teoria do Ser Terra, em cujo contexto a mudança de comportamento observada é tão somente uma interpretação equivocada (no contexto da hipótese nebular; do planeta não-vivo) e, de outro lado é uma prova científico-experimental favorável à teoria do Ser Terra, que vê o planeta como um macroorganismo todo viúvo. Senão, vejamos.

            A teoria do Ser Terra vê o planeta como um macroorganismo todo vivo que se multiplica em bloco (multiplicação em bloco), renovando-se por inteiro de tempos em tempos. Desse modo, assim como cada indivíduo multiplicado de uma espécie possui características universais e particulares, o mesmo ocorre com o Terra. O planeta é vivo e se renova por inteiro (em todas as suas partes simultaneamente, mas em ritmos diferentes de acordo com o ciclo de vida de cada espécie). Cada indivíduo de uma espécie é semelhante ao todo e distinto em sua individualidade. Por isso, a cada novo ciclo, a cada multiplicação em bloco, o “novo” Ser Terra é semelhante ao todo anterior em suas características universais, mas ligeiramente diferente do anterior em suas particularidades, em sua individualidade. E são essas diferenças particulares que alguns cientistas estão constatando atualmente, e interpretando-as como uma mudança de comportamento geral de toda a natureza; enquanto outros a estão interpretando como prova da mutabilidade e da inconstância na natureza, e negação da existência de leis naturais e constantes da natureza.

            As distinções, entretanto, são meramente aparentes. O planeta Terra e cada espécie individualmente continuam sendo o mesmo planeta e as mesmas espécies. Acontece com o planeta o mesmo que acontece com cada espécie individualmente. É como uma nova floresta que nasce no lugar onde uma floresta anterior foi devastada. A nova floresta é diferente em suas particularidades, mas simultaneamente é semelhante à anterior em seus aspectos universais. O mesmo acontece com cada “nova” espécie multiplicada (a espécie descendente) da biosfera. Do mesmo modo, embora ligeiramente diferente em sua  aparência externa, o planeta Terra se recicla e se renova como um todo, mas  continua sendo o mesmo planeta. A diferença entre o velho planeta e o “novo” planeta autoreciclado, (que se automultiplicou em bloco) é como a diferença existente entre uma arvore-mãe e a árvore-filha que dela brotou. A nova árvore-filha é toda outra, mas aparentemente semelhante em tudo à árvore-mae. Como não existem dois corpos idênticos na natureza, elas não são idênticas, mas congruentes.

            A proposta dos medicamentos personalizados foi inspirada nos aspectos particulares das pessoas, pois cada pessoa é um microcosmos semelhante ao todo em seus aspectos universais, mas distintas em suas particularidades.    O tema nos reporta à questão dos universais e dos particulares, a Grande Querelados pensadores medievais. Hoje, podemos responder que os universais existem: são os aspectos permanentes dos seres; e que os particulares também existem: são os aspectos transitórios dos seres. De forma que podemos propor  com segurança os conceitos de permanentes e transitórios como características reais dos seres, assim como o são os universais e os particulares. Cada ciclo gera um novo ser, que nasce com base no anterior (lei da anterioridade: o posterior nasce do anterior).

            A Criação divina não pode mudar por completo e de modo definitivo de tempos em tempos. O cosmos teve um início e tem uma história. Mas essa história é cíclica. Por isso o planeta e a biosfera ainda existem hoje, e ainda existem dezenas de fósseis vivos, seres que, burlando a suposta lei natural da evolução teriam sobrevivido às mudanças, projetando-se ao futuro inalteradas,  conservando a aparência idêntica que tinham no passado. A origem gradual do universo e a existência de fósseis vivos refutam de modo cabal a evolução como lei natural, pois uma lei natural não é seletiva; não escolhe as espécies que vão evoluir e as que não evoluirão. Uma lei natural é um modo de operação da natureza e se aplica a todos os seres, que são partes integrantes do planeta. Como demonstrou Popper em seu princípio de falseabilidade: Se houver um único fato que contradiga um enunciado, a falsidade do mesmo estará comprovada. Assim, a mera existência dos fósseis vivos já é suficiente para falsear a hipótese da evolução..

 

12. Conclusão

 

A ciência natural moderna não nasceu a partir das especulações filosóficas de Aristóteles, mas nasceu em plena Idade Média dentro dos mosteiros e das catedrais, É verdade que pensadores materialistas como Descartes e Newton se rebelaram contra Deus e se apossaram das descobertas científicas reveladas aos Deusistas cristãos, passando a controlar e a usar a ciência para desmoralizar e destruir o Cristianismo. É verdade também que pensadores materialistas constataram a grandeza e o mistério da ordem funcional do universo, e enfatizaram a natureza divina das leis naturais (os modos de operação da natureza) e das constantes naturais (as relações de equilíbrio matemático, físico-químico e biológico da natureza) a fim de enaltecerem a si mesmos como mensageiros e donos da verdade de Deus, confundindo e enganando a humanidade.  Todavia, o mal uso que a ciência materialista fez das leis e das constantes da natureza não muda o fato de que elas existem como elementos integrantes do cosmos e foram mesmo criadas por Deus. As leis naturais podem explicar a funcionalidade de todo o cosmos físico, mas sem Deus não explicam a origem delas mesmas. E esta é a  razão pela qual a ciência materialista abandonou sua histórica defesa da existência das leis naturais, passando a negá-las atualmente.

A natureza é mesmo divina, perfeita, cíclica e eterna, e funciona com base em leis naturais, modos de operação, os quais determinam as constantes matemáticas, físico-químicas e biológicas (constantes, precisas,e cíclicas). A natureza não é governada pelo acaso e nem pela mutabilidade dos fundamentos que a criaram e a perpetuam. O fenômeno da mudança de comportamento das espécies, do micro (superbactérias) ao macrocosmos (alterações climáticas, aquecimento global, degelo das calotas polares, vulcanismo, etc), são fenômenos naturais cíclicos, como as estações, as migrações e tudo o mais na natureza. Até a crosta terrestre e as estrelas se reciclam, renovando a crosta terrestre e as galáxias. E todas as aparentes mudanças naturais estão interconectadas, pois cada ser individual em contínua renovação cíclica é uma parte integrante do Ser Terra, o planeta vivo que se recicla e renova por inteiro de tempos em tempos.

Popper afirmou que, ao contrário de uma lei jurídica, que é subjetiva e pode ser modificada e violada (de outro modo, seria desnecessária), uma lei natural, por outro lado, não é prescritiva, mas descritiva; diz-nos o que ocorre, e não o que devemos fazer. Como tal, não é mais do que uma afirmação acerca do que acontece na natureza. Uma lei natural, segundo Popper, pode ser verdadeira ou falsa, mas nunca poderá ser violada por quaisquer meios, pois trata-se de um modo operacional imutável da natureza. 

 

 

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